segunda-feira, 13 de agosto de 2012

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE EDUCADORES NA REDE REGULAR DE ENSINO QUANTO A INCLUSÃO SOCIAL




































RESUMO 
         A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais é uma tendência que emergiu na década de 90, além de trazer novas perspectivas para os alunos trouxe também novas exigências para educadores e escola, visto que como sabemos, vivemos em uma sociedade marcada por uma forte exclusão a todo e qualquer tipo de diferença.  Atualmente é comum ouvirmos nas redes escolares o termo “inclusão”, mas qual é o seu real significado? Estamos incluindo as crianças ou apenas integrando-as nos bancos escolares. A inclusão está sendo um dos maiores desafios que a educação vem passando nos últimos tempos. Sendo assim, o presente artigo pretende investigar como está sendo realizada a prática dos educadores quanto à inserção de alunos com necessidades educativas especiais na rede regular de ensino. Sabemos ser uma tarefa que além de conhecimentos necessários exige carinho, dedicação, comprometimento e principalmente acreditar no ser humano e suas potencialidades. 
PALAVRAS CHAVE
Integração - Inclusão – Escola - Necessidades Educativas Especiais. 
ABSTRACT 
The inclusion of people with educational necessities special is a trend that emerged in the decade of 90, beyond bringing new perspectives for the pupils also brought new requirements for educators and school, since as we know, we all live in a society marked for one strong exclusion and the any type of difference.  Currently is common to hear in the pertaining to school nets the term “inclusion”, but which is its Real meant? We are including the children or only integrating them in the pertaining to school banks. The inclusion is being one of the biggest challenges that the education comes passing in the last times. Being thus, the present article intends to investigate as she is being carried through the practical one of the educators how much to the insertion of pupils with educative necessities special in the regular net of education. We know to be a task that beyond necessary knowledge demands affection, devotion, to compromise and mainly to believe the human being and its potentialities. 
KEYWORDS
Integration - Inclusion - School - Special Educative Necessities. 
INTRODUÇÃO 
         Iniciamos nossa discussão, partindo do pressuposto que parece vivermos em uma sociedade integradora e não inclusiva. O presente estudo pretende discutir mediante uma perspectiva inclusivista, como é a prática de educadores frente o ingresso de alunos com necessidades educativas especiais na rede regular de ensino. Para isto realizamos uma pesquisa com educadores de escolas públicas e privadas nas séries iniciais do ensino fundamental no município de Canoas/RS.
         Presenciamos em nosso cotidiano que a diferença entre as pessoas é um processo não trabalhado. Como podemos pensar em movimentos inclusivos se nossa sociedade silencia, ou melhor, faz com que desapareça o “feio”, o “diferente”, o que “foge dos padrões ditos normais”. É comum ouvirmos discursos do tipo “somos todos iguais”, mesmo sabendo que se somos seres dotados de capacidades, tempos, limites, aprendizagens, potencialidades e características únicas, fatores que nos tornam seres “diferentes” uns dos outros.
         Este princípio de diferença estende-se da sociedade até os bancos escolares, pois muitas crianças ditas “anormais” chegam a nossas escolas sendo consideradas diferentes por fugirem dos padrões “normais” dos quais estamos acostumados. A prática pedagógica é um assunto que vem sendo discutido há muito tempo e atualmente um dos questionamentos que acerca o quadro educacional é o papel do educador na escola em relação à meta de educação para todos.
Sabemos que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB/1996 garante o direito educacional a todas as crianças, sendo assim, no decorrer do artigo abordaremos os aspectos legais assim como, discutiremos como está sendo desenvolvida à prática dos educadores nas escolas de ensino regular frente à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, quais suas ações, metas e como o trabalho pedagógico vem sendo realizado. 
1 REFLEXÕES INICIAIS: INCLUSÃO OU INTEGRAÇÃO?
1.1 Diferenciando os termos ‘Inclusão’ e ‘Integração’
 
         O termo inclusão e integração atualmente são utilizados com múltiplos significados. Porem é importante assinalar que não estamos nos referindo a termos do modismo ou até mesmo uma tendência educacional, mas sim um ato dotado de muitos significados e quão necessários na sociedade atual.  Estes vocábulos têm semelhantes significados o que de certa forma causam divergências com pais, educadores e alunos.
         Inicialmente vamos definir o verbo “integrar”, de acordo como dicionário o termo significa formar, coordenar ou combinar, enquanto o verbo “incluir” significa compreender, fazer parte, participar. Como podemos observar há uma grande diferença que de certa forma distancia os termos, mas aqui cabe o questionamento frente o que nossas escolas fazem hoje? Incluem, integram nenhuma das alternativas.
É um fato a se pensar, pois de acordo com Baptista (2009)[2], nas terminologias fica claro que a integração pode ser considerada uma prática seletiva com vistas que o aluno deficiente deva adaptar-se aos parâmetros da normalidade, enquanto a inclusão deriva da inserção de modo que os alunos tenham a possibilidade de estar nas escolas regulares recebendo um ensino adequado e adaptado a suas reais necessidade. De acordo com Sassaki (2002)[3] jamais houve ou haverá um termo correto que seja válido em todos os espaços, porém, é importante atentarmos para certas terminologias que evidenciam-se muitas vezes como classificatórias ou excludentes.
 
1.2 Educação Inclusiva: Analise da trajetória
 
         Quando falamos em educação inclusiva, remete-nos primeiramente ao processo de inclusão social, termo este que surgiu, ou melhor, dizendo, evoluiu com a proposta institucional nos anos noventa, caracterizando-se como um novo princípio educacional. Mas o que vem ser a “educação inclusiva”? Podemos definir a educação inclusiva como um processo o qual permite a participação na vida, no trabalho e em todas as instâncias sociais as PNEEs[4]. De um modo geral, é importante ressaltar mais uma vez que a educação inclusiva é um dos grandes desafios da educação de hoje porque imputa na escola a responsabilidade de deixar de “excluir” para “incluir” educando a todos de tal forma que estes tenham sucesso independente de sua falta de habilidade ou deficiência, objetivando assim que todos possam ter os mesmos direitos de tomar o seu lugar na sociedade.
         Durante muitos anos para alfabetizar as PNEE, era necessário que elas freqüentassem escolas especiais. Estas instituições ocupavam-se apenas daqueles que eram fora da normalidade concebida pela escola regular, lá permaneciam todos aqueles que acreditavam ser diferentes, sendo assim, estes deveriam ficar fora de determinados espaços e excluídos de certos contextos.
         Com base em leituras e pesquisas realizadas acerca de pessoas com necessidades especiais, ressalta-se que escolas especiais são importantes para o desenvolvimento destas pessoas, desde que seja um complemento a escola regular. A diferença dar-se-ia que na escola regular estas pessoas se socializariam com os demais que conviveriam com as diferenças e de acordo com Vygotsky (2007)[5] construiriam o conhecimento. Já a escola especial teria outro papel, contando com profissionais especialistas esta demanda de alunos trabalhando assim cada dificuldade de forma diferenciada.
É importante ressaltarmos que a escola inclusiva, tem como base um processo educativo entendido como um processo social. Ou seja, ele promoverá uma revolução educacional, pois envolverá uma escola eficiente, comunitária, solidária e democrática, onde a multiplicidade ultrapassará o limite de integração alcançando assim a inclusão social, porém, cabe ressaltar que para as escolas receberem esta demanda de crianças em suas classes regulares, é importante contar com profissionais que acreditem em suas potencialidades, porém é essencial a capacitação dos educadores, pois os conhecimentos teóricos trazem a eles contribuições importantes às quais permitirão fundamentar suas ações.
 
2 ASPECTOS LEGAIS: MÚLTIPLOS OLHARES ACERCA DA INCLUSÃO
 
         Podemos considerar a Declaração de Salamanca (1994), como um marco histórico para educação especial, apesar de que desde o ano de 1993 já havia várias implementações através de documentações oficiais do MEC[6] como a “Política Nacional de Educação Especial” e a “Declaração Mundial sobre Educação para todos”.
         A Declaração de Salamanca é um documento que foi elaborado na cidade de Salamanca na Espanha, o qual prevê que a educação de pessoas com deficiência seja parte integrante do sistema educacional na rede regular de ensino, visto que toda criança tem características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem únicas, sendo assim, é certo afirmar que toda escola tem o dever de desenvolver uma pedagogia centrada na criança, visando satisfazer suas necessidades, o que evitaria o grande número de repetência que causa a evasão escolar.
         Este documento também traz muito claro o fator da formação dos educadores para trabalhar com esta demanda de alunos, sendo uma obrigação política a realização de cursos complementares como medida de qualificação dos mesmos. Outro ponto muito forte demarcado pela declaração evidencia que as inserções destes alunos em escolas regulares constituem meios eficazes de combater atitudes discriminatórias e exclusão social, sendo assim fica claro o princípio fundamental da escola inclusiva onde todas as crianças devem aprender juntas independentes de quaisquer dificuldades ou diferenças.
         Outro aspecto legal o qual devemos nos deter é a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB – Lei nº. 9394/96) que decreta em seu art. 58 que a educação especial é uma modalidade da educação escolar e deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para as PNEE. Porém neste mesmo artigo no seu parágrafo primeiro fica evidente a necessidade de serviços de apoio especializados para atender estes educandos. É claro também no art. 59 que os sistemas de ensino oferecerão currículos, métodos e técnicas específicas para atender esta demanda, professores qualificados, ou seja, especialistas no assunto e uma educação voltada para o trabalho com acesso igualitário a todos os benefícios.
         Questiona-se até que ponto as escolas regulares estão atendendo as exigências legais da LDB e demais decretos que acercam a inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais. Eis aqui o impasse o qual me refiro no próprio título deste artigo onde o não cumprimento da referida Lei segundo a concepção de pesquisadora do assunto acerca o fato de estarmos integrando estas pessoas nos bancos escolares e não as incluindo visto que já é de nosso saber que muitas escolas as quais se dizem inclusivas não tem as premissas básicas para atendimento destes educandos. 
3 O PROFESSOR E A INCLUSÃO: DESAFIOS EDUCACIONAIS NA REDEFINIÇÃO DOS PAPÉIS 
“Para entender é preciso esquecer quase tudo que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levaram a crer que as coisas têm de ser do jeito que são (...) Rubem Alves (2003).
 
         Educação, esta palavra tão encantadora traz grandes desafios para seus seguidores e fazem das escolas partes integrantes de seu contexto, lugares onde novas competências devem ser adquiridas, reconhecidas desenvolvidas.  E quem são os atores que fazem parte deste contexto? Educadores...
         Trabalhar com crianças com necessidades especiais sempre foi um desafio para os profissionais da área da educação. Ao longo da caminhada que tange a educação especial muitos ignoraram a existência destes alunos deixando assim a responsabilidade para algum grupo de professores mais “piedosos” os quais lançavam-se para o desafio.
         Muitos professores têm receio em receber alunos com necessidades especiais e justificam-se com o despreparo para trabalhar com estas crianças. O receio é natural e pertinente à medida que não houve uma formação adequada para atender esta demanda de alunos, mas cabe aqui o questionamento frente a outros profissionais que com a mesma formação desenvolvem o trabalho com estas crianças. Aqui encontramos uma diferenciação e talvez a resposta que estamos buscando com a pesquisa realizada.
         A diferenciação recai quando muitos educadores trabalham com matérias diferenciadas com seus alunos porque eles não dominam as questões que são postas aos outros. Estes profissionais ditos inclusivos são capazes de trabalhar um desenho com um aluno visto como ‘incapaz’, enquanto os demais ‘capazes’ realizam cálculos matemáticos ou outros conteúdos pré-programados os quais tem de cumprir para no próximo ano cursar a outra série. Que forma de inclusão é esta? Do que estamos falando? Que escola inclusiva é esta? Para Baptista (2009, p. 106)[7], “a escola tem que ser um espaço aberto, um espaço de segurança onde o risco seja possível, o erro tolerado e as tentativas aceitas sem gracejos, sem humilhações nem julgamentos definitivos”.
         Com o passar dos anos muitas leis, decretos e convenções foram surgindo como vimos anteriormente e a sociedade tomou consciência do verdadeiro papel das pessoas com necessidades especiais verificando assim que estas também eram possuidoras de direitos e deveres de ser, estar e fazer parte como indivíduos democráticos. Toda esta transformação recai sobre a escola. Acredito que o momento que estamos vivendo não é mais de alongar as resoluções, leis, portarias, mas o de trabalhar com a práxis é o momento de ser, e fazer educação.
        
3.1 A prática do educador na escola dita inclusiva
 
         O processo de inclusão exposto em toda legislação que acerca o tema propõe basicamente que todos os indivíduos interajam em todas as situações fazendo que assim ele torne-se sujeito ativo no processo de aprendizagem. Incluir não é somente destinar a criança um espaço físico dentro das salas de aula, com uma classe e uma cadeira deixando-o lá esquecido e tornando-o como um mero receptor de conteúdos pré-estabelecidos sem nenhum significado, incluir é inserir o aluno de forma que toda aprendizagem promova seu desenvolvimento e remova as barreiras da aprendizagem tornando-o um sujeito ativo e participante em todo processo.
         Ainda é comum vivenciarmos em nossas escolas muitos educadores com práticas alicerçadas na educação tradicionalistas onde eles eram detentores do saber, escolas onde a base educacional se emerge no professor como o transmissor de conteúdos e o aluno um reprodutor do conhecimento. Como as crianças aprendem desta forma? Imagine crianças com necessidades especiais que não conseguem ser reprodutoras como a escola deseja, o que acontece com estes alunos, são excluídos, tornam-se repetentes ou são os considerados incapazes?
         Ressalva-se que a educação tradicionalista assim como as demais tem grande influencia em nossa prática, o que não pode acontecer é nossos educadores deterem-se apenas a uma forma transmitir o conhecimento descartando as demais. Os educadores tem que refletir sobre seus papéis e acreditar que toda esta base educacional é fundamental para construirmos uma escola ideal.
Outro fator que se faz de suma importância na prática educacional, mas acreditamos estar esquecido é o fato das necessidades de cada alunado. Todo e qualquer indivíduo é dotado de limitações o que não significa que ele seja incapaz.  Está na hora dos educadores, equipe diretiva, a escola em si rever suas práticas desencadeando uma atitude reflexiva e crítica no ensino. Re-pensar e fazer uma diferenciação pedagógica antes de incluir uma demanda que não são capazes de atender e aqui mais uma vez concordo com Carvalho (2007)[8], todos os alunos mesmo os que possuem necessidades educativas especiais são capazes de aprender desde que contem com um programa educativo adaptado as suas necessidades, desenvolvido com os demais colegas de forma que juntos descubram o melhor caminho a percorrer.
 
3.2 O trabalho docente na escola inclusiva: Fios que tecem a prática inclusiva
 
“Não me pergunte quem sou, mas não me diga para permanecer o mesmo” (Foucault, 2007).
 
         Vamos iniciar esta discussão sobre a prática educativa referenciado o que Baptista (2009)[9] destaca necessário nas escolas hoje, o repensar sua função curricular para assim podermos construir o papel central do educador inclusivo. De nada adianta trabalhar o educador, formar este profissional com vistas à inclusão se a escola continua centrada em práticas arcaicas e excludentes que não visam o desenvolvimento integral do aluno. Muitas escolas ainda acreditam ser inclusivas pelo simples fato de matricularem o aluno com necessidades especiais, porém esqueceram-se que seu principal compromisso com este aluno é o oferecimento de um ensino de qualidade respeitando-o como parte do processo ensino-aprendizagem.
Para Mantoam (1997)[10] o maior desafio da inclusão recai sobre o humano, mas por que no humano? Acredita-se que o professor é a peça fundamental do quebra cabeça que transformou a escola inclusiva. O ato de incluir requer um profissional com uma atuação baseada em princípios igualitários, bem como alguns aspectos técnicos que se fazem necessários para desenvolver uma educação de qualidade que atenda a todos sem distinção.
         Sabemos que trabalhar com a inclusão é um desafio não só para educadores, mas principalmente para a instituição escola que ainda esta centrada em apenas transmitir os conteúdos e vencer os mesmos nos prazos pré-determinados esquecendo-se do tempo de aprendizado de cada aluno. No que tange o corpo docente, acreditamos ainda ser necessário aprender a trabalhar com esta nova perspectiva educacional, uma prática centrada nos quatro pilares da educação (Delors, 1999)[11] onde o educador estaria envolvido com o aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conhecer, porém cabe ressaltar que para todos este processo ocorrer os professores tenham acima de tudo vontade de tornarem-se educadores inclusivos tornando-os agentes de transformação educacional.
         Acreditamos que a escola ainda tem uma longa trajetória, porém cabe a todos os envolvidos unir forças, buscar idéias e alternativas para transformar e construir uma escola capaz de educar a todos sem distinção alguma, fazendo que estes aprendam dentro de suas capacidades e de seus tempos, porém com o respeito quão necessário neste fabuloso processo que é o ato de ensinar e aprender.
4 PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO: A ARTE DE ROMPER BARREIRAS NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA POSSÍVEL 
“Quando eu perdi as esperanças, você estava lá para me lembrar: este é o começo.” (AD).
 
         A psicopedagogia é uma área de estudos que dedica-se a compreender os processos de ensino e aprendizagem humana. De acordo com Porto (2005)[12] ela surgiu a partir da grande demanda de crianças com dificuldades de aprendizagem e seus estudos baseiam-se na Pedagogia e na Psicologia. Tratando-se de estudar as dificuldades de aprendizagem percebemos que ela tem um importante papel no processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais.
         O trabalho psicopedagógico poderá contribuir não só para o aluno com necessidades especiais (parte clínica), mas também para a escola e a família (parte institucional). Sua contribuição volta-se a auxiliar educandos e educadores a adaptarem-se com diversas atividades que tornarão a escola menos excludente desmistificando assim a classificação e rotulação dos alunos.
         Acredita-se que a função da psicopedagogia no processo inclusivo venha como forma de orientar os educadores fazendo que estes não fiquem focados na “doença” dos alunos visto que muitas vezes este fato impõe limites que acabam trazendo impossibilidades para que o aluno aprenda. Sua função na escola inclusiva está alicerçada em um trabalho voltado para o desenvolvimento possível e não o que imaginem ser o ideal para que o aluno chegue ao esperado.
         A escola necessita hoje de uma rede interligada de profissionais que juntos trabalhem para romper toda forma de discriminação e preconceito, focando o trabalho do educador na elaboração de estratégias que proporcionem o desenvolvimento integral do educando.
         O trabalho psicopedagógico irá contribuir para desvendarmos muitos mitos ultrapassando o preconceito e realizando atividades a partir do potencial que cada aluno tem vendo ele como um ser capaz de aprender desde que seja respeitado seu tempo e suas limitações. Temos que trabalhar para por fim na idéia que uma criança com necessidades especiais tem de aprender apenas atividades rotineiras, é nosso dever como profissionais da educação capacitá-los ao convívio, participação e auto-sustentação na sociedade.
 
5 CAMINHOS DA PESQUISA: REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE EDUCADORES NA REDE REGULAR DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE CANOAS/RS 
“Cada um de nós é diferente. Tivemos experiências diferentes. Recebemos o sol de maneira diferente. Por que então não teríamos cores diferentes?” Buscaglia (1982). 
A realidade educacional indica que ainda estamos vivenciando dilemas e desafios frente à inclusão de PNEE na rede regular de ensino. Estas questões vivenciadas cotidianamente nas escolas não afetam somente equipe diretiva e educadores como também os discentes e suas famílias que convivem diariamente com estes alunos e não sabem como recebê-los.
         Sabemos que este é um fato o qual não envolve apenas a melhoria da qualidade do ensino, mas também, é necessária uma união por parte da escola e família assim como uma equipe educacional preparada para atender toda esta demanda de alunos que compõe nossa sociedade trabalhando assim as diferenças.
Com base no que foi exposto, cabe ressaltar que o foco desta pesquisa é investigar como é realizada a prática dos educadores nas escolas regulares da rede pública e privada do município de Canoas/RS, visto que muitos discursos vivenciados na atualidade retratam uma integração destas pessoas por parte das escolas e não a inclusão que está prevista na legislação.
A presente pesquisa a qual apresentaremos a seguir buscou também investigar se a prática educativa atende satisfatoriamente as pessoas com necessidades especiais, assim como verificar se as propostas pedagógicas das escolas estão adaptadas para atender esta demanda de alunos com projetos, salas e equipamentos os quais são de grande importância para aprendizagem e permanência destes em nossas salas de aula. 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
A escolha do tema do presente artigo constituíram a mim um grande desafio, até mesmo por ser um tema o qual gera tanta polêmica dentro das instituições escolares e que se apresenta como um grande desafio dos profissionais que atuam nesta área, pois estes devem articular o que tem de ensinar com o que a criança já construiu.
Inclusão, um termo com tantos significados, porém ainda com uma longa caminhada dentro das instituições educacionais. Ao término da pesquisa realizada podemos constatar que mesmo com a exigência prevista na legislação, muitas escolas ainda têm um grande desafio tanto com profissionais qualificados como com as adequações necessárias para receber esta demanda de alunos.
Com base nos dados coletados podemos observar que muitos educadores somente aceitam estes alunos nos bancos escolares por eles terem um amparo legal, mas esquecem que necessitam de um trabalho diferenciado de forma a trabalhar todas as suas potencialidades deixando de lado suas “necessidades”.
Muitos dos profissionais entrevistados ressaltam não estar preparados para atender esta demanda de alunos e mesmo assim tentam realizar o trabalho da melhor forma possível. Mas o que será “melhor” para estes educadores? Aqui cabe um questionamento da necessidade de contarmos com profissionais qualificados e preparados para trabalhar com esta diversidade de alunos.  A qualificação profissional faz que exercemos nosso trabalho de maneira a atender e contemplar a aprendizagem de cada um, respeitando seus ritmos diferenciados bem como elaborando propostas que atendam as necessidades individuais de cada alunado.
Acreditamos também que as escolas têm de contar com um planejamento aberto e flexível assim como desenvolver atividades com especialistas, atentar a uma boa estrutura e trabalhar em conjunto com a família.
Detenho-me mais uma vez na necessidade de todos os alunos aprenderem juntos, pois, todos têm o direito a uma educação de qualidade com tratamento de forma igualitária e sem preconceitos. Sabemos que o processo inclusivo causa extremas mudanças e muitas vezes até mesmo um certo desconforto, porém, se faz necessário buscarmos novos conhecimentos os quais possibilitem um trabalho adequado que atenda a todos sem discriminação.
Acreditamos que todo conhecimento deve ser construído como já mencionava Vygotski (2007)[19], o trabalho docente exige dedicação, reflexão, busca e constante atualização visto que vivemos em uma sociedade transitória e de constantes mudanças às quais devemos acompanhar.
Mas o que é necessário para que este processo ocorra?  Acreditamos para que realmente ocorra à inclusão em nossas escolas é imprescindível que exista formação e recursos, ou seja, uma equipe interdisciplinar atuando sempre que necessário perto do professor do ensino regular bem como contar com profissionais qualificados e com formação em cursos de graduação com ênfase em educação especial. Fica assim evidente, que é importante um bom planejamento educacional, sendo este coerente com o futuro social que desejamos. Se quisermos uma sociedade inclusiva, é preciso o favorecimento de valores na escola desde a educação infantil.
         Para finalizar ressalto mais uma vez que é importante trabalharmos focados na incógnita a qual somos todos iguais em direitos, porém diferentes como pessoa, sendo assim, a educação obrigatória deverá atender a todos, bem como adaptar o sistema educativo ao aluno e não pretender que o aluno se adapte ao sistema. A estrutura escolar é quem deverá ajustar às necessidades de todos educandos favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos. Nós, educadores deveremos ser desenvolvedores das ações do processo de inclusão, sempre focados em um princípio de dedicação, preparo e compreensão acerca da temática. 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
BAPTISTA, Cláudio Roberto (org), MACHADO, Adriana Marcondes. Inclusão e Escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação: 2009
CARVALHO, Rosita Édler. Removendo barreiras para aprendizagem. Porto Alegre: Mediação, 2007.
DELORS, Jacques (org). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para UNESCO da Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1999
FACION, José Raimundo. Inclusão escolar e suas implicações. São Paulo: Ibpx, 2005.
MANTOAN, Maria Tereza Égler. Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997
PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2005.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2002
VYGOSTKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos superiores. São Paulo: Martins Fontes: 2007


[1] Graduada em Pedagogia - Orientação Educacional pela ULBRA Canoas/RS e Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pela Cesuca – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha – E-mail: tatyzawaski@terra.com.br / Fone: (51)92118691
[2] Maiores informações consultar a obra (BAPTISTA, Cláudio Roberto (org), MACHADO, Adriana Marcondes. Inclusão e Escolarização: múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação: 2009)
[3] Maiores informações consultar a obra (SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 2002)
[4] Pessoas com Necessidades Educativas Especiais: pessoa que apresenta caráter permanente ou temporário de alguma deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habilidades, necessitando de algum tipo de recurso especializado.
[5] Maiores informações consultar a obra (VYGOSTKY, Lev. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos superiores. São Paulo: Martins Fontes: 2007) 
[6] Ministério da Educação e Cultura
[7] Idem 2
[8] Maiores informações consultar a obra (CARVALHO, Rosita Édler. Removendo barreiras para aprendizagem. Porto Alegre: Mediação, 2007.)
[9] Idem 2
[10] Maiores informações consultar a obra (MANTOAN, Maria Tereza Égler. Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997)
[11] Maiores informações consultar a obra (DELORS, Jacques (org). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para UNESCO da Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1999)
[12] Maiores informações consultar a obra (PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2005.)
[13] Idem 3
[14] Maiores informações consultar a obra (FACION, José Raimundo. Inclusão escolar e suas implicações. São Paulo: Ibpx, 2005.)

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