sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Dislexia em comorbidade a um quadro de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)


O TDAH é um distúrbio que acomete de 5-6% das crianças e não apresenta qualquer correlação com aspectos culturais.

Existem comprovadas alterações neurobiológicas relacionadas com o transtorno, que tem como principal etiologia a genética.

A criança pode apresentar sintomas de hiperatividade/impulsividade e ou déficit atencional.

A criança com TDAH pode apresentar problemas sociais com os amigos e professores e também de aprendizado, seja pelos sintomas de hiperatividade, impulsividade e déficit atencional, que podem determinar prejuízos ao aprendizado, seja pela presença de comorbidades que muitas vezes ocorrem como dislexia, discalculia ou disgrafia.

Além de eventuais dificuldades comportamentais, principalmente nas crianças com TDAH e transtorno opositor desafiante ou transtorno de conduta, o professor deverá ter muita habilidade para lidar com alunos que apresentam diminuição da memória operacional e da capacidade de inibir os impulsos.

As crianças com TDAH muitas vezes apresentam baixa autoestima e deve ser evitado que as mesmas sejam expostas a situações de constrangimento.

O professor deve procurar motivar a criança, tendo em mente que este resultado estará relacionado diretamente à diferença entre a quantidade de reforço positivo em relação a uma pressão exagerada.

Sugestões:
• Diante de uma situação em que o aluno não esteja prestando atenção, evite questioná-lo neste momento. Procure chamar sua atenção de modo indireto, com um olhar ou um toque, e assim que perceber que o aluno está atento efetue a pergunta, para que acerte e se sinta motivado.
• Peça ajuda da criança com TDAH para permitir alguma movimentação, como por exemplo, apagar a lousa, ajudar na distribuição de folhas para a classe, etc.
• Coloque o aluno sentado mais na frente, de preferência longe de janelas ou portas, e também separado de outros alunos que possa apresentar sintomas semelhantes.
• Evite a crítica excessiva na frente dos colegas, para evitar que ocorra uma indisposição do aluno com o professor.
• Procure evidenciar de modo claro e explícito as regras e também anotar na lousa o plano de aula, assim como as tarefas e datas de provas.
• Considere a possibilidade de mudanças no tipo de avaliações destas crianças, permitindo provas orais ou com diferença no tempo do exame ou no número de questões, em relação ao resto da classe.
• Procure tornar o ensino mais interativo.
• Demonstre percepção dos resultados e progressos alcançados pelo aluno com TDAH. O reforço positivo é fundamental!!!
• Procure dar exemplos concretos durante o processo de ensino. As crianças com TDAH, de modo geral, têm maior dificuldade com situações abstratas.
• Permita que a criança possa ter um momento de saída da sala em situação de descontrole emocional, podendo voltar assim que se acalme e consiga se controlar.
• Reconheça os pontos positivos do aluno com TDAH e permita que eles se manifestem. Diga palavras positivas de reconhecimento pelos resultados e esforço do aluno com TDAH.

PASSOS PARA O SUCESSO DOS PAIS:
Como pai, é importante que você veja o mundo através dos olhos de seu filho hiperativo. Isso ajudará você a lidar com ele no cotidiano, pois, por causa de seu temperamento, ele pode manifestar uma série interminável de problemas.
Os pais precisam compreender também os seus próprios sentimentos...se você é impulsivo e desanima rapidamente, esses traços exercerão uma influência negativa em sua capacidade de ajudar seu filho.
A maioria dos problemas das crianças hiperativas deriva da incapacidade em:
• começar uma tarefa e concentrar-se nela,
• persistir em suas metas e não desanimar com facilidade
• manter o controle sem agir impulsivamente.
A necessidade da criança hiperativa de agir irá pesar mais que sua capacidade de parar, pensar e planejar.
Os pais devem compreender que a punição do comportamento desatento, inconstante, inquieto e impulsivo possui poucas chances de modificá-lo.
É necessário diferenciar o comportamento incompetente do desobediente. Esse último será punido, ao passo que a incapacidade deve ser tratada através de educação e desenvolvimento de habilidades.
Quando uma criança manifesta um comportamento negativo, geralmente a maioria dos pais reage ordenando que pare com aquilo.
Concentrar-se naquilo que não deve ser feito, em vez de evidenciar o que deve ser realizado, faz com que a criança hiperativa receba ordens negativas que não a ajudarão compreender o que deveria fazer.
Dê uma ordem positiva, lide com a desobediência de uma maneira firme e breve, e o que é mais importante, encontre formas de elogiar seu filho!
Tais intervenções são essenciais para seu filho consolidar mudanças positivas de comportamento.

*Márcia Lazzarotto de Oliveira Vizzotto, Neuropsicóloga
Membro do CAE - Centro e Avaliação e Encaminhamento da Associação Brasileira de Dislexia- ABD
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