sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Atividades Pedagógicas que Estimulam a Construção do Conhecimento:

É importante para o aluno com necessidades educacionais especiais (NEE) o estímulo através de jogos pedagógicos variados e histórias em sequência.
Essas atividades que são extremamente simples fazem toda a diferença na construção do conhecimento do aluno NEE.
Com relação às histórias em sequência, elas ajudam o educando a organizar seu pensamento diante das cenas apresentadas. Ao identificarmos qual a lógica que o aluno usou no momento em que organizou a sequência da história, podemos questioná-lo para saber o que ele estava pensando e em que definiu a ordem da história.
Após a organização da sequência da história, podemos fazer tentativas de escrita sobre a mesma, de acordo com o nível de cada educando, seja escrevendo palavras ou frases referentes a cada parte da história, ou até mesmo trabalhando com a letra inicial dos desenhos que aparecem na história.
Essa escrita pode ser variada podendo ser feita de forma convencional ou através de recursos de tecnologia assistiva, como por exemplo, o computador ou alfabetos móveis (EVA, madeira, letras móveis).
            Outra atividade que dá bastante efeito são jogos pedagógicos de formação de palavras ou jogo de memória (desenho x palavra). É interessante após o jogo, fazermos uma atividade escrita sobre o mesmo, com objetivos específicos para cada aluno de acordo com suas necessidades.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Algumas atividades e outros conteúdos sobre DÉFICIT INTELECTUAL

Flexibilizando a prática pedagógica
Escolha uma estratégia pedagógica realizada pelo professor para descrever no quadro abaixo. A partir de sua percepção sobre as necessidades educacionais do aluno com deficiência mental, planeje a flexibilização desta estratégia, considerando o seu nível de desenvolvimento acadêmico na área curricular enfatizada. Parta sempre daquilo que você observou que ele já sabe, ou seja, de aprendizagens já desenvolvidas. Tente envolvê-lo na atividade, integrando-o no grupo, sem mudar a programação da aula para os demais alunos. Para organizar melhor o seu planejamento, utilize as fichas abaixo:

Proposta – observada Proposta flexibilizada
Área: Matemática Área: Matemática
Conteúdo: Expressões numéricas Conteúdo: Expressões numéricas e sistema de num. decimal
Objetivos: Efetuar cálculos com precisão Objetivos:
Desenvolver o raciocínio lógico-matemático.
Estratégia pedagógica:
Passar no quadro-giz dez expressões numéricas envolvendo as quatro operações em chaves,colchetes e parênteses. Estratégia pedagógica:
Em duplas, distribuir material concreto para os alunos, a fim de facilitar a realização dos cálculos.
Acompanhar cada dupla na realização das atividades no sentido de tirar alguma dúvida tais como enumerar os passos a seguir:
Vamos resolver os cálculos que eliminam primeiramente os parênteses, os colchetes, as chaves até chegar ao resultado.
Usar o Q.V.L. para efetuar as contas
objetivando melhor compreensão por parte do aluno.
Ex.:

5+ {2x [15 +(22-10]: 2} =
DU
22
- 10
-----
12
5+ {2x [15 + 12]: 2} =
DU
15
+12
-----
27
5+ {2x 27 :2} =
DU DU DU
27 54 27
x2 :2 +5
---- --- ---
54 27 32
5+ 27 = 32



Recursos:
Quadro, giz, lápis, borracha e caderno. Recursos:
*Usar o material dourado
*ábaco
*tampinhas
*palitos
* Q.V.L.

Avaliação:
O professor recolherá as atividades e atribuirá um valor a cada questão que mediante o resultado proporá novas atividades. Avaliação:
Todas as duplas serão avaliadas através da observação atenta da professora em todo o processo e do próprio material de registro feito por eles.

Apresente os dois quadros preenchidos para o professor responsável pela sala e peça para ele avaliar suas sugestões. Converse com o professor e veja se a proposta pedagógica elaborada considera as necessidades educacionais do aluno com deficiência mental e se pode ser implementada na sala de aula.


Para desenvolver esta atividade leia o texto de apoio disponível na ferramenta “Material de apoio”,  sobre Alfabetização.

            Você deve escolher um aluno com deficiência mental/intelectual, se não tiver diagnóstico pode ser com dificuldade de leitura e escrita, faça uma avaliação da fase que ele se encontra e trace três estratégias - explicitando a escolha, com base nesta teoria, que possa auxiliar na produção escrita.



O aluno...tem vinte e cinco anos e apresenta Transtorno da leitura que é caracterizado por uma dificuldade específica em compreender palavras escritas. Dessa forma, pode-se afirmar que se trata de um transtorno específico das habilidades de leitura, em que foram eliminadas todas as outras causas. Cujo aluno está na fase  silábica-alfabética, segundo Emília Ferreiro pois:

- Apresenta a escrita algumas vezes com sílabas completas e outras incompletas por ex.:

CAVALO - CVLU;

- Alterna escrita silábica com alfabética:
CAVALO – KVALU ou CVALU


1ª Estratégia

Trabalhar em duplas ou trios, onde os alunos que tenham mais desenvolvimento cognitivo associem aos alunos com dificuldade de aprendizagem para uma troca de conhecimentos e o desenvolvimento de todos.

2ª Estratégia

DISTRIBUIR textos escritos e ilustrados  para que  os alunos hipotetizem sobre o conteúdo que vão estudar criando situações em que eles próprios descubram, pois uma descoberta nunca é esquecida e o que o aluno ganha pronto, não há construção de aprendizagem.
(Trabalhar com textos de propaganda, rótulos de produtos diversos, mais comuns no uso doméstico, enfim, tudo que leve os alunos a serem motivados e a desenvolverem no ato da leitura e da escrita com significante e significado). 
.

3ª Estratégia

Elaborar painéis com esses textos, rótulos e outros, circulando neles as palavras de seu conhecimento e formando-as na carteira com o alfabeto móvel.
Em seguida, partido dessas palavras, formar pequenas frases valendo-se ainda do alfabeto móvel. Colar essas frases nos painéis.

Fazer exposição desses trabalhos para que os alunos se sintam valorizados e para que todos compartilhem novos saberes...



                                             


Sala de Recursos


                   Nós EDUCADORES dos alunos com NEE precisamos ter olhar holístico e Inteligência
      Multifocal para vermos além das APARÊNCIAS...

     A escola regular, que recebe alunos surdos para promover seu processo de integração, deverá dispor de uma sala de recursos para atendimento a esses alunos em suas necessidades especiais.
    O professor da sala de recursos, juntamente com a direção da escola e a equipe técnico-pedagógica, deve preparar o professor da classe comum que vai receber os alunos surdos. Se o professor é novo na escola, ele deve ser orientado sobre aspectos relevantes da educação de surdos, bem como sobre a Língua Brasileira de Sinais, sendo aconselhado a fazer um curso dessa língua.
    Após a matrícula dos alunos surdos na classe comum, é estabelecido o horário e os dias de atendimento na sala de recursos, de forma a conciliar a freqüência na sala de aula com a sua participação nas atividades extraclasse.
    Os alunos integrados nas escolas de ensino regular devem possuir uma agenda, onde o professor da classe comum anota as dificuldades encontradas, para que o professor da sala de recursos possa planejar atividades adequadas às necessidades dos educandos.
    Deve haver reuniões gerais na escola para que os professores, que atendem os surdos, possam trocar experiências na tentativa de facilitar o processo de integração. Será muito produtivo se o professor da sala de recursos participar dessas reuniões.
    Quando os alunos são integrados em classe comum de outra escola, no começo do ano letivo, o professor da sala de recursos deve realizar reuniões com o professor que vai recebê-los, com a presença da direção e da equipe técnico-pedagógica.
    Os professores da sala de recursos devem realizar visitas sistemáticas às escolas integradoras, bem como devem participar das avaliações bimestrais.
    O professor da sala de recursos retoma, constantemente, os conteúdos trabalhados em classe comum, utilizando a Língua Brasileira de Sinais para repassar informações complementares da disciplina, dando ênfase a Língua Portuguesa escrita.
    Para atuar em salas de recursos que atendam alunos a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, sugere-se que o professor tenha formação em Letras/Português, uma vez que lhe compete oferecer ao aluno surdo um Curso de Português Instrumental, à semelhança dos cursos de língua estrangeira.
   

As principais atribuições do professor da sala de recursos são:

- Oferecer apoio pedagógico a alunos integrados em classe comum;
- manter intercâmbio com a comunidade escolar para um trabalho de conscientização sobre as potencialidades do portador de surdez;
- atender diariamente, na sala de recursos, alunos surdos integrados, individualmente ou em pequenos grupos, de no máximo seis alunos;
- oferecer, na sala de recursos, complementação curricular específica, visando, principalmente, ao aprendizado da Língua Portuguesa (leitura, interpretação e redação de textos variados);
- organizar um cronograma de atendimento às necessidades e às condições de cada aluno surdo;
- reunir sistematicamente os pais dos alunos surdos para orientações e incentivos à participação em reuniões da escola e no processo de integração dos alunos;
- elaborar material pedagógico, visando a sanar as dificuldades encontradas pelos alunos integrados em classes comuns, nas diferentes áreas do conhecimento;
- atuar como professor de ensino dirigido de todas as disciplinas, visando ao aprendizado do vocabulário e mensagem ali expressos em Língua Portuguesa;
- registrar a freqüência dos alunos da sala de recursos, bem como contactar os pais, quando houver faltas consecutivas;
- realizar visitas periódicas às classes comuns, registrando as informações relevantes que coletar;
- realizar periódica e sistematicamente avaliação das atividades desenvolvidas quanto à forma de agrupamento, metodologia, materiais utilizados, horário de atendimento, etc. e trocar impressões com o professor da classe comum quanto ao rendimento alcançado pelos alunos surdos integrados;
- avaliar o processo de integração escolar, juntamente com toda a equipe da escola regular e a família.


É hora de garantir a aprendizagem de todos

Receber os estudantes com deficiência é um avanço. Hoje, o número de alunos matriculados na rede pública já supera o número de alunos das escolas especiais. Mas ainda falta fazer da inclusão uma realidade, e garantir a toos o direito à Educação - e não apenas à integração.

NOSSA SENHORA PASSOU...

O MEDO APRISIONA...

O TEMPO...

“O tempo é nosso grande mestre, que ameniza nossas dores, cuida das nossas feridas e cura as cicatrizes, da incompreensão, do desamor, da falsidade, das derrotas temporárias, dos que se aproximam de nós apenas em benefício próprio. Só o tempo nos mostra os verdadeiros amigos.”

O QUE JÁ FIZ . . .


 “Já fiz amigos eternos
Já amei e fui amada
Já fui amada e não amei
Já tentei esquecer pessoas inesquecíveis
Já tentei substituir pessoas insubstituíveis
Já gritei e pulei de tanta felicidade
Já vivi de amor
Já perdoei erros quase imperdoáveis
Já fiz coisas por impulso
Já me decepcionei com pessoas que nunca pensei me decepcionar
Já abracei pra proteger
Já decepcionei alguém
Já dei risada quando não podia
Já fiz juras eternas
Já chorei ouvindo música e vendo fotos
Já liguei só pra escutar uma voz
Já fui levada nos braços
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade
No final ... tive medo de perder alguém especial e acabei perdendo!“
Mas...Vivi...! E estou Viva...!
 
Viva sempre feliz!

NOSSO DEUS É PODEROSO...

NOSSA SENHORA MÃE DE TODAS AS MÃES ROGAI POR TODOS NÓS TEUS FILHOS E FILHAS !!!!!!!!!

SOU BLOGUEIRA...

AMIGO É TODO AQUELE...

CONJUGUE...

QUANDO FALAREM MAL...

VOCÊ SABIA QUE...

PEQUENA- GRANDE DIFERENÇA...

A TODOS QUE ME JOGARAM PEDRA...

O IMPORTANTE NÃO É O OBSTÁCULO...

O IMPORTANTE...

AMIGOS...

QUE OS ANJOS PROTEJAM A TODOS VOCÊS!

QUE OS ANJOS PROTEJAM A TODOS VOCÊS!

TEXTO PARA REFLETIR ,,,

CONFIANÇA

Borboletas de Zagorsk

"Dê-me tua mão que te direi quem és. E em minha silenciosa escuridão, mais claro que o ofuscante sol, Está tudo que desejarias ocultar de mim.Mais que palavras, tuas mãos me contam tudo que recusavas dizer. Veementes de ansiedade outrêmulas de fúria, verdadeira amizade ou mentira.      Tudo se revela ao toque de uma mão: quem é estranho, quem é amigo.
       Tudo vejo em minha silenciosa escuridão. Dê-me tua mão que te direi quem és".


terça-feira, 22 de novembro de 2011

A INCLUSÃO DO DEFICIENTE INTELECTUAL NO MERCADO DE TRABALHO

ResumoA Deficiência Intelectual é um conceito que ainda causa muita controvérsia. Na maioria das vezes, o indivíduo apresenta atraso nítido ou dificuldades de desenvolvimento neuropsicomotor, fala e outras habilidades, situadas abaixo da média. Apesar da dependência de “cuidadores” e da necessidade de atendimento multiprofissional, a fim de minimizar os problemas decorrentes da limitação destas faculdades, é possível introduzir estas pessoas no mercado de trabalho e buscar um grau relativo de autonomia. Este artigo se preocupa em discutir dispositivos que buscam  introduzir as pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho.
Palavras chaves: Deficiente Intelectual. Diagnóstico. Trabalho.
IntroduçãoA identidade de um ser humano pode ser definida como o conjunto de crenças básicas a respeito do ambiente, valores, capacidade e comportamento. A educação, neste contexto, expande o “modelo de mundo” individual, aperfeiçoando e moldando as crenças criadas em nível inconsciente. Estas crenças compõem-se de regras sobre nós mesmos, sobre aquilo que somos e sobre como se dá nossa relação com o mundo à nossa volta. Elas nos permitem desenvolver ou recusar nossos principais critérios de acordo com a situação. Em última instância, são os motivadores inconscientes de nossas decisões.
As ciências sociais sustentam que a evolução do indivíduo, intelectual e ética, tem como base sua educação por meio da escolarização. Atualmente, por lei, todos têm direito assegurado de freqüentar uma escola, todavia, verifica-se que nem todas estão prontas para atender às necessidades diferenciadas dos matriculados.
Neste contexto, a educação consiste em ampliar a estrutura de referência, atuando externamente (em nível consciente) para modificar o indivíduo internamente (em nível inconsciente), fazendo com que seja capaz de adotar as escolhas mais adaptadas às circunstâncias, já que nem sempre há uma escolha certa ou a errada.
Assim, não se trata de modificar as convicções individuais a respeito do ambiente, da capacidade, do comportamento ou dos valores, apenas alterá-las para que se tornem menos limitadoras. Dessa forma, considera-se que o processo pedagógico deve ocorrer de formas distintas, no ambiente familiar, escolar e, por último, no trabalho. Ou seja, cada um deve ter em mente a expansão do conhecimento como forma de auto-desenvolvimento.
A sociedade, com o tempo, tornou-se mais complexa e as escolas não conseguiram, em grande parte dos casos, acompanhar as necessidades educacionais especiais apresentadas pelos indivíduos. Com isso, muitos ficam aquém de seus objetivos por apresentarem dificuldades ou limitações, quaisquer que sejam, no seu processo de aprendizagem. Essa situação limita a atuação individual no meio social, no exercício da cidadania, inviabiliza o desenvolvimento da reflexão e da capacidade de raciocínio, inerente aos seres humanos.
Esta “patologia” aflige tanto instituições especializadas, que se destinam a ensinar e atender pessoas que apresentam alguma deficiência, como instituições de ensino públicas e particulares brasileiras. De fato, metodologias inadequadas e preconceito permeiam os sistemas de ensino e, na seqüência, a sociedade.
É necessário introduzir políticas e metodologias de ensino que minimizem, ou tendam a eliminar o preconceito, seja ele qual for, pois vidas e recursos preciosos são desperdiçados quando aquele vigora nos meios sociais. Toda pessoa, desde antes do nascimento, é digna de respeito e direitos. Além disso, recebe recursos produzidos pela sociedade para seu sustento. Não é válido desperdiçá-los em virtude de conceitos que, se investigados a fundo, não se sustentam. O deficiente intelectual tem seu lugar no mercado de trabalho e deve ser respeitado como todos os demais indivíduos da sociedade. 
O que é a Deficiência Intelectual?Deficiência é sinônimo de insuficiência, déficit, falta, falha, carência. Por si só, o termo deficiência intelectual não é capaz de caracterizar o conjunto de possíveis problemas que ocorrem no cérebro humano – causadores do baixo rendimento cognitivo. O próprio conceito de inteligência, ligado ao termo intelectual, é obscuro e, por vezes, prejudica o entendimento deste conjunto. Contudo, a ciência define a deficiência intelectual como a redução significativa do intelecto inferior à média da população (teste de “score” inferior a 97% das pessoas da mesma idade), associado a limitações em pelo menos dois dos seguintes aspectos do funcionamento adaptativo esperados para o grupo etário e cultural:
1.Padrões de Autonomia – possibilidade de o sujeito agir de acordo com suas crenças;
2.Independência – conceito intrinsecamente ligado a liberdade, reflete a ausência de submissão ou servidão, termo reflete algo mais amplo que a autonomia - e;
3.Responsabilidade Social – reflete a consciência do próximo, do que é prejudicial ou benéfico para si e para outrem. Implica em um grau de amadurecimento mais elevado, envolvendo observação da ética, moral e costumes sociais.

Assim, caso o indivíduo não seja capaz de desenvolver autonomia, estará impossibilitado de desenvolver todas as demais, restando claro o prognóstico após associação ao nível de quociente de inteligência (QI). Mas, caso consiga ser autônomo na realização de tarefas, deve-se investigar qual o nível de independência desenvolvida. O indivíduo pode, ainda, ser dotado de alguma autonomia ou independência (de baixo nível), associada à responsabilidade social, neste caso, uma observação mais profunda é necessária para o diagnóstico correto. Ou seja, ainda que o desenvolvimento se dê em uma escala crescente que vai da autonomia à responsabilidade social, em processos que ocorrem ora separados, ora simultaneamente, podem ocorrer lacunas em determinados estágios, caracterizando a Deficiência Intelectual.
Dentro deste contexto, são classificados em quatro categorias de gravidade (leve, moderada, grave e profundo) em função da sua capacidade intelectual com ou sem outros comprometimentos do comportamento ou aprendizagem.
Diagnóstico da Deficiência IntelectualEm diversos aspectos, a vida de um deficiente não difere das demais pessoas. Todos têm bons e maus momentos, alegrias e tristezas, conquistas e derrotas. Todos somos seres humanos e temos determinadas limitações. Ninguém é dono do saber, ninguém consegue fazer tudo sozinho. Trabalhamos juntos, nos especializamos em determinados campos ou tarefas e, assim, conseguimos realizar atividades cada vez mais complexas. Neste contexto, o preconceito e a discriminação atuam como fatores sociais excludentes que agravam o sofrimento daquele que já se encontra em dificuldades ou que possui limitações maiores que os demais.
A deficiência intelectual é resultado de uma alteração funcional cerebral que pode decorrer de inúmeros fatores: genéticos; ocorrências perinatais (na vida intra-uterina e nascimento) ou pós-natais; patogênicos, entre outros. Na maioria das vezes, apresenta nítido atraso em seu desenvolvimento neuropsicomotor, comunicação oral, entre outras habilidades.
Os indivíduos que apresentam este transtorno são dependentes de curadores, ou seja, estão sujeitos ao instituto jurídico da curatela, segundo o Código Civil Brasileiro:
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;
V - os pródigos.

Nestes casos, a interdição poderá ser promovida pelos pais ou tutores; pelo cônjuge ou qualquer parente ou, ainda, pelo Ministério Público (em caso grave e na ausência dos demais). Segundo rege o mesmo Código, em seu Artigo 1776, havendo meio de recuperar o interdito, o curador tem a obrigação de promover o tratamento no estabelecimento especializado. 
Art. 1.776. Havendo meio de recuperar o interdito, o curador promover-lhe-á o tratamento em estabelecimento apropriado.
Além da dependência supracitada, reconhecida em lei, visando minimizar os impactos decorrentes da sua limitação, necessitam de atendimento multiprofissional: fonoaudiólogo; psicólogo; pedagogo; psicopedagogo; terapeuta ocupacional; médicos; entre outros. Este é um direito reconhecido pela lei, visando conferir ao indivíduo as melhores condições de vida possíveis segundo as tecnologias e os tratamentos atuais. Neste contexto, quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico e a intervenção, melhores serão os resultados obtidos.

A Inclusão do Deficiente IntelectualExistem grandes barreiras para inclusão do deficiente intelectual, como a baixa formação profissional (já que grande parte dos deficientes, em geral, não tem o segundo grau completo), problemas de locomoção e mobilidade (falta de transporte público e infra-estrutura adaptada) e a falta de informação do empresariado que, muitas vezes, tem ações de responsabilidade social dentro das suas organizações, mas se pergunta em que setor ou departamento posso encaixar estas pessoas?
A eliminação do preconceito – que decorre da ignorância a respeito da condição destas pessoas - é a primeira fronteira na sua inclusão. Um processo que envolve todos, agindo em sinergia, não apenas para inserir as pessoas com deficiência no ambiente, mas que seja capaz de lhes conferir real oportunidade para exercer o direito à educação, ao lazer, ao trabalho e à cidadania.
O trabalho intensivo de uma equipe multiprofissional proverá ao indivíduo com deficiência intelectual estímulos adicionais, que de outra forma não ocorreriam, visando um desenvolvimento maior nas áreas cognitiva (relativo ao processo de conhecer envolvendo percepção, memória, juízo, imaginação, pensamento e linguagem) e motora (controle muscular de movimentos que surge em resposta a uma tarefa). Além disso, dada a limitação intelectual, é importantíssimo que tenha uma educação técnica, voltada para a área em que vai trabalhar. Para tanto, faz-se necessário que o Estado  invista em infra-estrutura educacional e qualificação de mão de obra, principalmente professores.
Neste sentido, já vem sendo feitas oficinas de desenvolvimento de habilidade específicas cujo objetivo é proporcionar aos discentes uma oportunidade de vivenciar experiências sociais e práticas por meio de diferentes linguagens artísticas e corporais. Estimula-se o exercício da cidadania usando atividades pedagógicas, artísticas, esportivas e de informática em projetos de trabalho. Tão importante quanto estas iniciativas, é a participação da família na educação.
Em verdade, o deficiente intelectual é uma pessoa capaz que detém limitação um pouco maior do que a média da população. Não são e não devem ser tratados como inúteis, doentes, oprimidos ou infelizes (nenhum deficiente deseja isso). Estas concepções decorrem de preconceitos, fruto de uma sociedade que tem dificuldade em aceitar as diferenças existentes entre seres humanos – que busca um ideal material-estético para uma espécie que tem a heterogeneidade como marca de sua existência, adaptação e sobrevivência as condições do planeta.
“Ser deficiente nada mais é do que não saber amar as pessoas como são.”
Autor desconhecido
O Mercado de Trabalho do Deficiente Intelectual
O mercado de trabalho para o deficiente intelectual, e para os deficientes em geral, vem crescendo na medida em que surgem programas educacionais conscientizadores e incentivadores, juntamente com leis de defesa e estímulo a empresas absorvedoras desta mão de obra. Esta seria a primeira linha de atendimento social destes indivíduos. Assim, pode-se usar como exemplo o Programa 1º Emprego do Governo Federal, que dá prioridade, em seus cursos de qualificação profissional para o mercado de trabalho, a pessoas com deficiência. 
Outra norma que pode ser dada como exemplo desta linha, mas já se referindo aos deficientes em geral, é a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, descrita a seguir:
Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e reabilitação profissional, auxílio para tratamento ou exame fora do domicílio do beneficiário, conforme dispuser o Regulamento.
Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para a qual se capacitar.
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
        I - até 200 empregados........................................................................................................2%;
        II - de 201 a 500..................................................................................................................3%;
        III - de 501 a 1.000..............................................................................................................4%;
        IV - de 1.001 em diante........................................................................................................5%.

Percebe-se, no artigo 93, um claro estímulo à empregabilidade dos deficientes em geral, explícito pela obrigatoriedade de contratação em função do tamanho da empresa, mas o empresário não dependerá apenas de sua boa vontade para contratar, já que a grande maioria dos deficientes possui baixa formação escolar. Felizmente, outras normas legais foram criadas para “tentar” garantir o direito à educação, pois, sem ela, está imposição tornar-se-ía um encargo. O deficiente deve ser visto, assim como os demais funcionários, pelo seu potencial produtivo. Para isto, deve ser educado, treinado e alocado corretamente dentro da empresa.
Para análise dos artigos 91 e 92, devemos nos ater ao descrito no Regulamento da Previdência Social, Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, descrito abaixo:
Art. 136. A assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional, instituída sob a denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visa proporcionar aos beneficiários, incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter obrigatório, independentemente de carência, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios indicados para proporcionar o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem.
A Lei, que segundo o Código Civil, confere ao curador a obrigação de encaminhar o deficiente a tratamento especializado, agora dá brecha para que, caso este não tenha condições ou seja hipossuficiente, requisite auxílio ao Poder Público, representado na pessoa do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS.
Art. 137. O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será desenvolvido por meio das funções básicas de:
I - avaliação do potencial laborativo;  (Redação dada pelo Decreto nº 3.668, de 2000)
II - orientação e acompanhamento da programação profissional;
III - articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para reabilitação física restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)
IV - acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.
§ 1º A execução das funções de que trata o caput dar-se-á, preferencialmente, mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina, serviço social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao processo, sempre que possível na localidade do domicílio do beneficiário, ressalvadas as situações excepcionais em que este terá direito à reabilitação profissional fora dela.
Percebe-se que a Lei tenta ser minuciosa, descrevendo inclusive as etapas básicas por meio do qual o processo deverá ser desenvolvido (avaliação do potencial laborativo, orientação e acompanhamento da programação profissional do deficiente, articulação com a comunidade – cooperativas, empresas e entidades -, acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho).  
“Art. 139. A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos e convênios com instituições e empresas públicas ou privadas, na forma do art. 317.
         § 1º O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não estabelece qualquer vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa, bem como entre estes e o Instituto Nacional do Seguro Social.
         § 2º Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos contratos, acordos ou convênios, pautar-se no regulamento daquelas organizações.
         Art. 140. Concluído o processo de reabilitação profissional, o Instituto Nacional do Seguro Social emitirá certificado individual indicando a função para a qual o reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra para a qual se julgue capacitado.”

O artigo 139 confere uma proteção jurídica à empresa que acolhe o deficiente em treinamento, uma vez que o § 1º assinala que não se estabelece qualquer vínculo empregatício ou funcional, afastando, inclusive, a responsabilidade de a empresa emitir certificado a respeito do serviço de treinamento prestado. Por outro lado, falha ao vincular o artigo 139 ao artigo 317, descrito a seguir:
Art. 317. Nos casos de impossibilidade de instalação de órgão ou setor próprio competente do Instituto Nacional do Seguro Social, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e atendimento adequado à clientela da previdência social, as unidades executivas de reabilitação profissional poderão solicitar a celebração de convênios, contratos ou acordos com entidades públicas ou privadas de comprovada idoneidade financeira e técnica, ou seu credenciamento, para prestação de serviço, por delegação ou simples cooperação técnica, sob coordenação e supervisão dos órgãos competentes do Instituto Nacional do Seguro Social.
Ou seja, apesar da proteção conferida pelo artigo 139, o artigo 317 burocratiza o processo, na intenção de proteger, e vincula a realização de treinamentos em empresas à inexistência de capacidade ou estrutura do INSS ou à celebração de acordo, contrato ou convênio com a autarquia. Consideradas as peculiaridades de cada caso, é muito mais proveitoso ao deficiente intelectual, considerando o aspecto educativo, realizar o treinamento no local de trabalho, socializando-se com outras pessoas. Infelizmente nossos legisladores não observaram, até o momento, que há necessidade de criar uma lei específica sobre o tema.
Ainda assim, e sabendo das limitações destes aprendizes, deve-se defender uma parceria entre Governo e empresariado, a fim de suprir as demandas deste público alvo, já que, para o indivíduo que apresenta deficiência intelectual, é mais fácil aprender a partir de coisas concretas (existe uma grande dificuldade em transportar conhecimentos teóricos para prática). Deve-se observá-lo sob a ótica das oportunidades e qualificações e não de suas restrições ou limitações.
Outro ponto interessante a ser destacado foi a iniciativa tomada em setembro de 2009 pelo Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo, entidade de classe, que realizou um concurso público para pessoas com distúrbios cerebrais. No teste, os candidatos tiveram de responder a questões mais simples do que as normalmente feitas nesse tipo de seleção, que visa o provimento de profissionais de suporte administrativo. Esta iniciativa evidenciou que a deficiência intelectual não é a mesma coisa que ausência intelectual. Prova que são pessoas capazes e podem ser alocadas no mercado de trabalho.
Já há, no mercado, empresas formadas por especialistas em RH com foco em profissionais com deficiências, assim como sites especializados que dispõe currículos de pessoas cadastradas com deficiências. Essas empresas funcionam como uma ponte entre deficientes e empresas, recolhendo informações sobre qualificação profissional, educacional e acadêmica juntamente com as competências, habilidades e atitudes, buscando novos talentos e potencial humano na diversidade, auxiliando as organizações na adequação as “cotas” expressas na lei 8.213.
Infelizmente, sobram vagas nos quadros destas empresas em decorrência da baixa qualificação profissional encontrada. O fato é que o sistema educacional brasileiro tem se mostrado ineficiente em vários aspectos, na medida em que não é capaz de atender a todas as demandas sócio-educacionais, entre elas, no suprimento das demandas dos indivíduos com necessidades especiais (incluindo os deficientes intelectuais). Já há aqueles que prevêem que o grande gargalo ao desenvolvimento da nação será a qualificação de mão de obra.
Aqui se observam graves problemas de ordem estrutural. Há um déficit de escolas especiais e de educadores com formação adequada para tratar este público. Prova disso é a carência de concursos voltados à educação especial. Um problema mal resolvido que apresenta seus reflexos logo à frente, como uma aparente “sobra de vagas” nas empresas que atuam alocando deficientes. Em verdade, sobram desempregados.
Como segunda linha de atendimento social, existem as chamadas entidades paraestatais, também conhecidas como serviços sociais autônomos, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, integrantes do Terceiro Setor, que promovem o atendimento a necessidades assistenciais de certas atividades ou categorias profissionais.  Há, ainda, as entidades filantrópicas e fundações que atuam prestando assistência à integração social e treinando para o mercado de trabalho, fornecendo ambiente de trabalho ou auxiliando as famílias que possuem deficientes.
Nesta linha podem-se destacar diversas organizações e institutos como a APAE, Instituto Olga Kos, voltado para a inclusão de deficientes intelectuais como a síndrome de Down através de oficinas de arte e de aulas de caratê e tae kwon do, entre outros que trabalham na formação e atendimento, diluindo a rede de serviços e permeando a sociedade com iniciativas diferenciadas das adotadas em âmbito governamental, mas, que de certa forma, são protegidas pelo Estado, já que atuam completando lacunas em que ele deveria atuar.
Na 3ª e última linha de atendimento, temos a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, que regula a Assistência Social. Rege a lei:
“Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
         I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
         II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
         III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
         IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
         V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.”
Nesta mesma norma, encontra-se uma salvaguarda legal para os casos mais profundos de deficiência intelectual (quando não é possível o treinamento para o trabalho) o benefício da prestação continuada:
“Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.
A respeito deste artigo, é importante enfatizar duas observações:
§ 2º Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da assistência médica.”
Em outras palavras, o deficiente intelectual, para fazer jus ao benefício de Prestação Continuada, além da dependência de curador, deve ser incapacitado para o trabalho (vale lembrar que o Código Civil obriga o curador a encaminhá-lo à instituição para tratamento especializado). Além disso, a Lei proíbe a cumulação de qualquer outro benefício, inclusive pensão, com a Prestação Continuada. Ou seja, sobrevindo outro, perde imediatamente o direito à Prestação Continuada. O curador poderá ser responsabilizado, inclusive criminalmente, caso venha a cumular benefícios.
Além da proteção quanto a renda, o Código Civil também estabelece proteção quanto aos atos do deficiente intelectual, dizendo o seguinte:
“Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.”
Ou seja, uma vez que a Lei assume a última linha de defesa do deficiente intelectual, atestado que não há, ou havia, discernimento necessário para prática, torna nulo qualquer ato praticado sem o consentimento do seu curador. Por outro lado, confere diversas proteções para evitar o abuso de poder por parte deste ou garante sua responsabilização em caso de crime.

Considerações FinaisDiversas iniciativas vêm sendo tomadas para diminuir a limitação e integrar estes indivíduos à sociedade: Programas de estimulação precoce, destinados a crianças até 3 anos; Programas de inclusão escolar; Trabalhos de conscientização familiar esclarecendo a importância da participação dos membros na formação do indivíduo com deficiência intelectual; Oficinas para o desenvolvimento de habilidades específicas e, agora, Inclusão Digital. O Brasil apresenta diversas normas e ferramentas para o tratamento e inclusão dos deficientes na sociedade, contudo, ainda se faz necessário criar um marco regulatório específico para os deficientes intelectuais, além de aprimorar as normas existentes para os deficientes em geral.
Outro ponto que chama a atenção: não se deve primar apenas pela quantidade de investimentos na educação, mas também, pela qualidade. Recursos, ainda que escassos, aplicados de maneira transparente e correta, mediante estudos técnicos e sob o enfoque de atender às demandas sociais, fiscalizados pelos respectivos poderes, órgãos e sociedade, podem fazer muito por quem deles necessita.
A inclusão do deficiente intelectual na sociedade brasileira é uma grande barreira, principalmente cultural, que serve de prova para atestar o nível de desenvolvimento de nossa civilização. O Estado, ao negar educação de qualidade ao indivíduo, impossibilita-o de atingir objetivos de vida maiores e, assim, de servir a sociedade de maneira mais completa. No âmbito da educação de deficientes intelectuais, como o tempo corre contra o educador (quanto mais a idade avança, maior a dificuldade de aprendizado), a situação se agrava, já que coloca o indivíduo como dependente direto de Benefício de Prestação Continuada.
Não se trata apenas de condená-lo a um salário mínimo mensal. Fala-se de minguar sua possibilidade de evolução, de educação, de contribuir para sociedade, de socialização, em última instância, condená-lo a exclusão “involuntária”.
Também não se trata de dizer que a culpa da sobra de vagas para deficientes no mercado de trabalho é da LOAS. Como se viu, está é a última linha de defesa, ainda que desvirtuada, do deficiente. O Estado não pode permitir que um indivíduo fique totalmente desamparado! Em verdade, a causa dessa falta, ou melhor dizendo, da má alocação de mão de obra, é, em primeira instância, a falta de investimento “correto” em infra-estrutura e qualificação de profissionais de ensino para lidar com este público e, depois, do preconceito – decorrente da ignorância - que permeia a sociedade brasileira. Considerado isto, a Lei Orgânica da Assistência Social é um remédio de curtíssimo prazo para sobrevivência dos “involutariamente” excluídos.

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.
MÁRIO QUINTANA
Bibliografia
Referências Bibliográficas
Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999.
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991
Lei nº 8.742, de 07 de setembro de 1993.
QUINTANA, Mário. Deficiências

A ESCUTA DO COLEGA PSICOPEDAGOGO

RESUMOEste artigo traz alguns questionamentos quanto ao engajamento da psicopedagogia à questões da bioética,  investigando a formação do psicopedagogo, e a postura de professores e alunos frente às problemáticas que surgem ao longo de uma formação acadêmica. Este estudo pretende fazer entender que a reflexão bioética precede qualquer norma, e que de outra forma não pode existir parâmetros seguros para nos guiarem em todas as nossas ações, especialmente num meio onde iremos tratar com uma demanda grande e diferenciada de valores pessoais, morais e culturais. Por trabalhar com pessoas e suas dificuldades de aprendizagem, a psicopedagogia pode buscar na bioética suporte que dê sustentabilidade as suas ações.
Palavras-Chave: Psicopedagogia, bioética, formação acadêmica.
ABSTRACTThis article will bring some questions about the engagement of the phsycopedagogy related to  bioethics issues, investigating the preparation of  phsycopedagogy students, and the attitude of teachers and students  during the course. This study will help to understand that bioethical reflection comes before any rule, once there is  no reliable parameters to guide us in all our actions without it, especially in an environment where we deal with a large demand and different personal values, moral and cultural. By working with people and their difficulties in learning, phsycopedagogy can get in bioethics the support that offers sustainability of its actions.
Keywords: Pshycopedagogy, bioethics, learnig
1.1 O que é bioética?O termo bioética surgiu pela primeira vez na década de 70, com o interesse de resgatar as ciências humanas, tendo sido primeiramente aplicado por Van Rensselaer Potter. Para ele a bioética tem o objetivo de auxiliar a humanidade no sentido de participação racional, porém cautelosa no processo da evolução biológica e cultural.  “Isso  se   deu   após   um   período   de   pensamento   crítico  em  relação  [...] capitalismo inconseqüente, que gerou  grandes males à civilização,  no sentido de  fortalecimento de  valores  individualistas,  no  sentimento de posse e poder.” (NUNES; NUNES, 2004, p.615)
Garrafa, (2005, p.333) justifica que apesar da bioética abordar questões “cotidianas”, trata das questões que “acontecem todos os dias e não deveriam mais estar acontecendo”. Define Bioética como "o estudo sistemático das dimensões morais - incluindo visão, decisão e normas morais - das ciências da vida e do cuidado com a saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas num contexto multidisciplinar", entretanto a definição mais singela que se pode dar à bioética é a de “Ética da Vida”. Para Potter (2006, p.74) a bioética é mais que a ética renascida: “É uma nova ética capaz de garantir a sobrevivência da humanidade mediante um estreito diálogo entre as ciências biomédicas e as ciências humanas”. Já para Ramos em Conferência proferida em 31.05.2001 na Universidade Federal de São Paulo, disponível em http://www.bioetica.org/?siteAcao diz que a bioética não está limitada às ciências da saúde, pois:
[...] desde que nasceu, quer olhar para a vida e para tudo, para todas as áreas do conhecimento que, de uma forma ou de outra, tem implicações sobre a vida. A sua atuação tem que ver com a vida. E é por isso que na sociedade bioética, nos congressos de Bioética, não se vê a hegemonia dos médicos, dentistas e enfermeiros; vemos juristas, filósofos, teólogos, economistas. É curioso estar no meio de economistas. Mas o que é que o economista tem que ver com a vida? Tem muito a ver com a vida porque os planos econômicos, governamentais, por exemplo, se geram desemprego ou não, garante a vida ou garante a morte. Esse é o enfoque da Bioética, esse verdadeiro enfoque interdisciplinar. Quer dizer algo diferente do que é o multidisciplinar, que conhecemos muito bem das nossas tradições universitárias, principalmente no Brasil. Multidisciplinar é sinônimo de um amontoado de diferentes profissionais, de diferentes formações, que não interagem entre si. Nesse modelo esses profissionais apenas empurram o problema para outro: - “Agora não é mais comigo (médico), agora é com a assistente social; – Agora não é mais comigo, agora é com o psicólogo”. Isso não é uma equipe, é um amontoado de gente competindo entre si.
De  acordo  com o  Centro de Bioética,  do  Estado  de  São Paulo (2009),  disponível  em, http://www.bioetica.org/?siteAcaohttp://www.bioetica.org/? Os princípios da bioética são:
1.Princípio da autonomia: respeito às decisões dos indivíduos, onde entende-se que cada um pode decidir por si só sem sofrer influencias externas; requer respeito à vontade, à crença, aos valores morais, reconhecendo o domínio do sujeito sobre sua própria vida e o respeito à sua intimidade. 
2. Princípio da beneficência: assegura o bem-estar das pessoas, garantindo que sejam atendidos seus interesses, ou seja agir em prol do bem-estar dos outros.
3. Princípio  da  não-maleficência:  preceitua  não  “causar dano”, assegura  que  sejam
evitados danos físicos aos sujeitos, seja de dimensão física, psíquica, moral, intelectual,
social, cultural ou espiritual, a finalidade é não causar mal.
4. Princípio da justiça: remete a igualdade na distribuição de bens e benefícios.
5. Princípio da proporcionalidade: procura o equilíbrio entre os riscos e benefícios, visando ao menor mal e ao maior benefício às pessoas.
Nunes; Nunes (2004, p. 616) dizem que a falta de congruência entre conhecimento e sabedoria começou a gerar conflitos no nosso dia a dia. Neste sentido a bioética tem um campo de reflexão bastante amplo, através dos modelos teóricos desenvolvidos que ajudam a pensar sobre as situações da vida ou de conflito, cotidianas, de limite e de fronteira e, também, classificadas como problemas emergentes e persistentes. Diniz e Guilhem, citadas por Medeiros, (2003, p.316) dizem que  o desafio bioético não é fácil e nem simples de ser praticado,  " [...] lidar com os temas bioéticos não é uma tarefa agradável..." As autoras destacam ainda o princípio da tolerância como a principal saída para os grandes impasses.
1.2 MetodologiaNa realização deste estudo, foram aplicados quinze questionários com sete perguntas cada um, a psicopedagogos em formação. Aplicaram-se ainda mais cinco questionários a profissionais já atuantes na área, e com formação em diferentes instituições de ensino superior. As perguntas feitas foram:
1. Como você definiria a palavra ética?
2.Com relação à humanização necessária aos cursos de formação nesta área como você caracterizou seu curso?
3.Diante de situações conflitivas no curso, como você se posicionou?
4. Cite uma situação positiva e uma negativa que te marcou ao longo do teu curso.
5. Considerando sua formação para atuar como psicopedagogo, o que mudaria no curso?
6. O curso atingiu sua expectativas? Você acredita estar pronto para o mercado de trabalho?
7.Como você se sentiu diante do desafio do estágio, considerando a bagagem oferecida pelo seu curso?
 Além disso, foi realizado um registro da escuta com a finalidade de possibilitar aos voluntários se expressarem quanto ao tema abordado por este assunto. No decorrer da devolução dos questionários, todos os voluntários manifestaram o desejo em justificar suas respostas, uma vez que os assuntos tratados eram considerados de extrema valia, o que vem de encontro ao título deste trabalho. 
1.3 Questões bioéticas
Se considerarmos a bioética como a “ética da vida” vamos entrelaçá-la à psicopedagogia,  entendendo  que  estaremos   resolvendo   os   conflitos   de   acordo   com  a maneira como entendemos e resolvemos nossa própria vida. A  história de vida de cada um, somada à formação profissional, neste caso do psicopedagogo clínico e institucional, vai definir como vai ser feito esse olhar para atuar sob os dilemas e, agir com ética.
Para Nunes; Nunes (2004, p.615) A ética se propõe a estudar o comportamento, buscando melhorias na maneira de agir, considerando um agir ético que supere o agir intuitivo, baseado apenas nas experiências vividas. Assim:  “Quando falamos será que devo fazer isso ou aquilo, quando faço escolhas baseio-me apenas em minhas experiências de vida [...] a ética propõe que nossas ações sejam guiadas por princípios e, principalmente, por uma reflexão contínua.”.
Quando pensamos em psicopedagogia nos remetemos imediatamente às dificuldades de aprendizagem, quando pensamos em bioética, nos remetemos à vida. Independente de estarmos falando da atuação psicopedagógica na área, clínica ou institucional, estaremos lidando com pessoas, com isso queremos destacar no campo da bioética o respeito pelas pessoas envolvidas no processo de aprendizagem, suas vidas e seus segredos. Conforme Loch, Kipper e Gauer (2003), citado por  Ludwig (2007, p.605) a Bioética não propõe receitas que se adequem a todas as situações. “Cada dilema é discutido para que seja resolvido da melhor forma. Não existem soluções prontas para os diferentes dilemas.” O psicopedagogo vai atuar com pessoas, com histórias de vidas e com segredos. Engelhardt (1995) citado por Ludwig (2007, p.607) fazendo menção à atuação médica, coloca que para que uma pessoa tenha um atendimento completo é preciso que se obtenham dados íntimos desta, o que exige do médico uma atenção especial para as questões confidenciais. É justamente neste ponto que a bioética vai se entrelaçar à psicopedagogia, pois o psicopedagogo deve estar preparado para ouvir histórias de vida que trazem as mais diferentes vivências e sentimentos, os segredos mais bem guardados, e que exigirá deste, sigilo total e muita privacidade.
Segundo Gaudium et. al (2006,p.16): “La conciencia es el núcleo más secreto y el sagrario del hombre, en el que está solo con Dios, cuya voz resuena en lo más íntimo de ella”. No campo da bioética fica claro que toda pessoa para orientar sua conduta necessita iluminar sua própria consciência, para isso deve buscar uma ética que venha do seu íntimo, das entranhas de sua própria vida, de onde deverá se sustentar.
1.4 A Bioética na Formação do psicopedagogoA idéia deste exercício de escuta não é contestar saberes, mas questionar formas de atuação, tanto dos professores, quanto dos acadêmicos, quando diante de situações de conflito. No espaço de escuta psicopedagógica aberto aos colegas, surgiram questionamentos que visam entender, qual será a melhor maneira de se formar um profissional desta área. A ética e a bioética são fundamentais à formação acadêmica do psicopedagogo? Somente um curso de graduação seria suficiente para qualificar  eticamente estes profissionais?
Este estudo indicou que a maioria dos voluntários não se sentiram à vontade no estágio obrigatório, assim como não se sentem preparados para atuar profissionalmente, totalizando 66%. Esses dados geram uma certa preocupação e alertam Docentes e coordenadores dos cursos, que:
[...] devem caminhar sempre no sentido de proporcionar uma formação cada vez melhor e, despindo-se de qualquer onipotência, precisam orientar os alunos nos seus caminhos em busca de uma prática sempre mais consciente. Têm que assumir, sem receio, o fato de que, nas condições em que ocorre, a formação em psicopedagogia no Brasil de hoje, num curso de carga horária próxima a 360 horas-aulas, que trata de tão grande variedade de temas, não assegura a prática que desejamos. (BOSSA, 1994  p.60)
Cabe refletir, e refletir dentro das bases da bioética “é repensar nossa própria maneira de ser, é desenvolver nossa capacidade de pensar, analisar os fatos da vida, e nos considerarmos sujeitos e não objeto de uma história construída”. (NUNES; NUNES, 2004, p.615-616) Dos quinze voluntários que responderam ao questionário, todos concordam que deveria haver no curso de psicopedagogia disciplinas de ética e bioética, ou seja, 100%. Já 86% afirmaram que apenas um curso de graduação não habilita bons profissionais, acreditando ser necessário uma especialização e 14% acreditam que apenas a graduação basta, justificando “quem faz a formação, é o aluno. É o aluno que deve buscar.” Dos cinco profissionais atuantes que responderam ao questionário, 60% consideraram sua formação acadêmica com “pouca base para atuar profissionalmente” e 40% se disseram “bem preparados”, mas destacam que  tiveram que “correr atrás de diferentes cursos e especializações”.
Cada um passa a buscar nos cursos de extensão, na pós-graduação, no mestrado e no doutorado, subsídios teóricos e práticos, que satisfaçam seus interesses e necessidades e que  preencham as lacunas que desejam. Entretanto nos deparamos com  muitos cursos que não apresentam no currículo, nenhuma disciplina relativa à ética e bioética. Essa não seria uma questão interessante levantada por este estudo, a ser vista e analisada com maior importância pelos que pensam e fazem o curriculo nos cursos de psicopedagogia?
Na pergunta você acredita que todos os colegas sairão bons profissionais, estão prontos para o mercado de trabalho?  Os resultados apontam para a importância de  considerar o perfil de cada candidato. Na fala de um dos colegas psicopedagogo em formação: “Para fazer o curso o candidato deveria preencher a determinados pré-requisitos, necessários a um futuro profissional desta área, como por exemplo: calma, perseverança e equilíbrio emocional.”
Com relação à satisfação a pesquisa registrou 90% de satisfação para a “forma como alguns professores conduzem com competência e coerência seu trabalho” E os outros 10% ficaram para a estrutura geral do curso. Quanto a insatisfação foi indicado “falta de respeito às opiniões e pré-conhecimento dos alunos”(34%) e “falta do espaço de escuta”(66%). Cabe mais uma vez refletir: “Podemos imaginar que todos os profissionais, por trabalharem com o psiquismo, com a subjetividade e a preocupação com o bem-estar, farão sempre o melhor pelo [...] sujeito?” (LUDWIG, et al., 2007, p.607)
O ensino da bioética é outra meta. A reflexão sobre questões verdadeiramente éticas suscitadas pela vida é o real alicerce de nosso código moral e de nossa conduta. Os conceitos de pessoa, responsabilidade, respeito, verdade, consciência, autonomia, justiça e outros, [...] deverão estar interiorizados para que possam nortear e modelar a conduta profissional. Tanto o paciente quanto o estudante e o profissional devem ser vistos como pessoas na totalidade de seu ser, libertos de processos alienantes. (CAMARGO, 1996).
A escuta aos colegas desta profissão levam a uma lamentável constatação, segundo as palavras de uma das entrevistadas: “sabemos de todas as nossas obrigações como psicopedagogas, mas nossos direitos não são preservados. Não temos espaço de escuta, dentro do curso e não podemos argumentar até onde achamos ser necessário, devendo acatar o que está determinado, o que nem sempre é justo. Somos muito cobrados, mas pouco vistos como profissionais em busca de aperfeiçoamento.”
Não devemos adotar uma postura conformista, pensar que as coisas não podem ser mudadas para melhor, que as coisas acontecem independente de nossa intervenção. Se em todo momento colocarmos uma questão para nós mesmos, se devemos agir assim, e procurarmos respostas entendendo que o que cada um faz não tem conseqüências só para si ou somente para os outros, estaremos modificando nossa história. Tudo o que fazemos tem conseqüências para todos, porque a todo tempo estamos reproduzindo ou construindo valores novos, porque fazemos parte de um todo, como espécie, como humanidade, como natureza. (GARRAFA, 2005, p.334):
Quanto a definição de ética as palavras citadas foram: conduta correta (66%), responsabilidade ( 20% ) sigilo( 8% ) integridade moral (4% ). De acordo com Clotet (2003) apud Ludwig et al., (2007, p.607) a PUC - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, iniciou na década de 90 no curso de medicina a disciplina de Bioética e em 2001 inseriu a disciplina na Pós-Graduação em  Psicologia, sendo estes cursos os primeiros do Brasil a agregar a disciplina. A maioria dos cursos de graduação e de especialização já contam com disciplinas nesta área, porém no curso em que este estudo foi realizado nenhuma disciplina está voltada a esta área.
1.5 O entrelace da psicopedagogia à BioéticaO psicopedagogo em formação, está desenvolvendo também a capacidade para ser “cuidador’ de pessoas, atuando de uma forma crítica e reflexiva, mas para que cuide é necessário que tenha em sua formação um espaço para também ser “cuidado”. Conforme De Sordi e Bagnato (1998, p.85), o que distinguirá tal formação  é “o espaço de interação entre professores e alunos”. De acordo com as autoras, o processo pedagógico deve permitir que o indivíduo desenvolva a capacidade de pensar criticamente e de interagir com a realidade, agindo reflexivamente sobre a realidade e tornando-se ativo frente às transformações sociais.
O ambiente de aprendizagem no curso de psicopedagogia deve abrir espaço para discussão de problemas, deve também servir como espaço de escuta para que sejam expressos sentimentos e ansiedades, afinal um curso que se dispõe a trabalhar com problemas de aprendizagem, deve também compreender e respeitar as dificuldades daqueles que estão em formação.  Todos devem ser capazes de integrar habilidades, de reconhecerem o potencial e as limitações (sua e do outro), o que dará o suporte necessário para “ir além”. Esta  responsabilidade não deve ser unicamente dos professores, muito menos do aluno em formação. Todos são responsáveis por atitudes éticas, ações ponderadas e equilibradas diante da adversidade, para tanto será importante investir em credibilidade, criando situações de confiança e respeito entre os ensinantes e aprendentes deste processo.
[...] não se transmite, em verdade, conhecimento, mas sinais desse conhecimento para que o sujeito possa, transformando-os, reproduzi-lo. O conhecimento é conhecimento do outro, porque o outro o possui, mas também porque é preciso conhecer o outro, quer dizer, pô-lo no lugar do professor [...] e conhecê-lo como tal. Não aprendemos com qualquer um, aprendemos com aquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar. (FERNANDÉZ, 1991, p.52)
Alunos e professores demonstram em muitas ocasiões dificuldades para lidar com os problemas. Nem sempre as situações que se apresentam são aceitáveis pelo grupo, e as reações são as mais diversas e adversas. Dividi esta forma de atuação em três grupos distintos:
1. Atuação omissa – aqueles que não se posicionam, preferindo escutar e não se expor colocando como justificativa, timidez, ou medo de represálias.
2.Atuação explosiva - aqueles que querem resolver os conflitos tomados por rompantes de fúria, levados a agir por impulso e agressividade verbal.
3.Atuação ponderada - aqueles que sabem ouvir, sabem se posicionar, escolhendo as palavras adequadas para a situação, mas mantendo seu ponto de vista e o equilíbrio emocional.
[...] os indivíduos enfrentam diferentes tarefas sócio psicológicas à medida que crescem. Novas exigências vão sendo feitas pela sociedade e novas formas de agir devem ser desenvolvidas. A forma como cada um vai resolver os desafios de cada um dos estágios vai determinar sua personalidade, sua identidade, enfim seu ajustamento.” (Erikson, apud  Braghirolli et. al:1995. p.153)
Considerando a dimensão pedagógica da função docente em qualquer curso de especialização, espera-se dos professores com tanto conhecimento em suas áreas de atuação, critérios básicos para ministrar uma boa aula. Em cursos que já trabalham basicamente com profissionais que vêm da área de educação, a exigência aumenta, e os então psicopedagogos em formação, tornam-se ainda mais exigentes e criteriosos, com relação à didática, metodologia e com as relações humanas que perpassam as aulas que estão recebendo. Entretanto, algumas aulas passam a ser “frias”, de caráter puramente conteudista, sem nenhuma harmonização com os propósitos da psicopedagogia, que “observa a importância do afetivo, com todos os seus desdobramentos no processo de aprendizagem.” (BOSSA,  p.97)
Os professores são entendidos e esperados como aptos a “passar’ da melhor forma “ensinamentos” aos psicopedagogos em formação, entretanto os caminhos se tornam em alguns momentos opostos e antagônicos, porque nem sempre a formação que deu origem a estes profissionais tão capacitados, os prepararam para desenvolver um trabalho acadêmico, especificamente voltado para sala de aula. Para conseguir que os alunos desenvolvam ao máximo suas capacidades respeitando ao mesmo tempo suas características individuais, é necessário realizar mudanças que permitam diversificar os métodos de trabalho e flexibilizar a prática educacional (ALCUDIA, 2002, p.108)
O trabalho com a bioética na formação dos psicopedagogos deve passar inicialmente pela atuação dos professores, a quem não cabe apenas “ensinar como atuar diante das dificuldades do aluno”, mas principalmente “atuar, mostrando como isso se faz, na prática”. Nosso estudo indicou insatisfação dos colegas, quanto a atuação de alguns profissionais de educação que “desenvolvem muito bem a teoria, mas estão distantes de uma prática humanizadora, que entenda, escute e respeite o aluno, enquanto pessoa”
O paradigma para tal formação atende as indicações de  Perrenoud (1999, p. 64) que destaca a importância de uma formação que estimule a atitude reflexiva, promova a construção de iniciativas próprias e, considere “os alunos, o campo, o meio ambiente, as parcerias e cooperações possíveis, os recursos e as limitações próprias do estabelecimento, dos obstáculos encontrados ou previsíveis” (p. 64). Os psicopedagogos em formação deveriam contar ao longo do curso com apoio psicopedagógico oferecido pela própria instituição de ensino que disponibilizasse ambiente propício para a discussão de problemas relacionados aos sentimentos e às reações que os estudantes têm em sua atividades em sala de aula e no estágio.
[...] a influência do ambiente, da cultura, é difícil de vencer sozinha e o aprender a compartilhar, é caminho para se superar a solidão. A fórmula para enfrentar esta situação é poder contar com uma companhia que nos ajude a viver a nossa vocação e nos ajude a aponte nosso destino. (RAMOS, 2001, p.50)
Registra-se neste estudo que alguns professores na pós-graduação se preparam para trazer o melhor de si e abrem frente ao grupo um espaço para troca, para discussão e interação de saberes; outros apresentam práticas ultrapassadas ou não são convincentes, nem no discurso, nem na atuação. Estes passam aulas inteiras numa tentativa, quase frustrada, de atuar com naturalidade, e encontrar meios adequados para ensinar, e quando não conseguem apelam para medidas repressivas, que nos remetem a mais antiga das práticas educacionais conservadoras.
De acordo com uma das alunas entrevistadas: “Uma das cenas que mais me marcou no curso foi uma professora afirmar que já havia dito que não aceitava toque de celular na sua aula, e que se ouvisse mais uma vez convidaria o aluno a se retirar”. Já outra entrevistada colocou que achou altamente antiético e humilhante, num ambiente acadêmico um professor dizer diante de toda a turma que, “o aluno só está passando mal para não ter que apresentar o trabalho (sorrindo com ironia)”, quando na verdade o aluno já apresentava problemas de saúde há algum tempo. Outra questão trazida durante a “escuta” refere-se a  preocupação do grupo com relação a uma colega deficiente visual, que teve em todo o curso “apenas dois ou três professores que preparavam a aula pensando nela”.Os princípios da bioética: autonomia, beneficência, não-maleficência, justiça e proporcionalidade, não tiveram nenhum espaço nestas duas situações.De acordo com Camargo, (1996, p.49):
Os conceitos de pessoa, responsabilidade, respeito, verdade, consciência, autonomia, justiça e outros, presentes no cotidiano [...], deverão estar interiorizados para que possam nortear e modelar a conduta profissional. Tanto o paciente quanto o estudante e o profissional devem ser vistos como pessoas na totalidade de seu ser, libertos de processos alienantes.
Os alunos desta especialização são na, sua maioria, advindos da área da educação, o que os torna ainda mais críticos e exigente. Diante de professores que não se importam com a formação do vínculo e a valorização do aluno e dos conhecimentos que eles já trazem consigo, o resultado que se observou  no grupo foi marcado por sentimentos de incapacidade e de insegurança. Eis que surge mais uma questão: e a tão falada manter a auto-estima do aluno elevada? E os princípios construtivistas? E a importância da formação do vínculo, aliada ao prazer de ensinar e aprender, assuntos tão em foco no curso de psicopedagogia? Para ressaltar ainda mais estes questionamentos transcrevo abaixo um trecho da fala do Dr. Dalton Luiz de Paula Ramos coordenador  do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Ibirapuera do estado de São Paulo, disponível em
http://www.hottopos.com/notand9/dalton.htm:
Como professor, responsável pela formação de futuros profissionais, vivo enfrentando uma questão. Como transmitir isso tudo para meus alunos ? Como educa-los ? Um primeiro esforço é no sentido de apresentar-lhes essa fundamentação, mas não depende só disso. O caminho é sermos efetiva companhia para eles. Eu tenho pela frente os alunos da graduação e da pós-graduação e tenho claríssimo o meu papel. Aliás eu tenho dramaticamente claro o meu papel pois fatalmente vem a tona também os meus limites pessoais. Eles olham para mim, como também olham para o outro professor na clínica lá do nosso hospital que tem uma postura diferente e que trata o paciente com menos respeito do que ele trata a própria caneta, porque a caneta o professor não pode perder, não pode sujar, não pode deixar cair no chão e o paciente é tratado como uma coisa que vale menos que uma canetinha barata. Como trabalhar com os alunos? Como trabalhar comigo mesmo? Vencendo essa solidão ! E não, eu também, me sentindo sozinho. E de que forma eu não me sinto sozinho nesse meu trabalho de forma a ajudar os meus alunos a também não viverem sozinhos? Buscando uma companhia que os permita vivenciar essas experiências com muito mais humanidade.
Temos que reconhecer que somos influenciados por uma cultura que vai na contra-mão desse esforço em um ser companhia para o outro. Nós vivemos imersos, impregnados por uma mentalidade que é individualista e que gera solidão. E isto muito mais hoje do que era há duzentos anos atrás, há trezentos anos atrás.
Existe essa forte influência cultural; some-se a isso a solidão que se vive nas nossas cidades. E se ensina essa solidão na Universidade; o trágico é isso. O professor ensina a solidão: - Você tem que ser independente, você tem que tomar decisões, você tem que decidir, em outras palavras, “seja solitário”! Porque depois, quando você sair da Universidade estará sozinho. Por enquanto, enquanto você está aqui como aluno a instituição te dá cobertura mas depois, quando você for para o seu consultório, depois que você tiver a sua carteirinha de registro profissional (que é aquele documento que parece representar que o profissional pode tudo e tem que responder por tudo), você estará sozinho; te vira cara, já te ensinei o que tinha que te ensinar, agora é contigo. Isto pode não ser dito, com estas palavras, nas salas de aulas da Universidade, mas é isto que é passado aos alunos, é esta a experiência de Universidade que eles estão fazendo.
1.6 Considerações FinaisAo concluir a reflexão sobre como está se dando as questões relativas à bioética no curso de formação para psicopedagogos, foi visto que os colegas em exercício de escuta consideraram-se autônomos quando das suas opções pela especialização, mas expressam terem sua autonomia tolhida durante o curso.
Considerando a autonomia um direito inerente à condição humana, que vai sendo construída ao longo da vida a questão é o que os teria feito pensar dessa forma? Embora tome por base todos os princípios da bioética já referidos, este artigo priorizou o princípio da autonomia para elucidar o problema específico aqui trazido e fundamentar esta discussão.
A Bioética na psicopedagogia, não se diferencia das demais áreas, pois se propõe a refletir cada dilema vivenciado em termos de aprendizagem, considerando as particularidades de cada indivíduo e entendendo que não existem verdades únicas, mas uma preocupação constante que permita que todo ser humano tenha o direito de aprender e conhecer o mundo de diferentes formas.
Por fim, este estudo apontou que dentro da formação acadêmica em psicopedagogia, existem várias práticas, e diferentes formas de atuação, que vão do diálogo, das situações práticas vivenciadas e discutidas, a formas mais rudimentares de ensinar e aprender, que acabam deixando de lado os critérios básicos da bioética.
Bibliografia
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ESTUDO DE CASO “ JONAS”

IntroduçãoDentro das instituições de ensino deparamo-nos com muito casos de dificuldades de aprendizagem, que transformam suas vidas, de seus educadores,e  pais em um verdadeiro quebra-cabeças gigante, onde vamos procurando encaixar as peças. Assim é mais este caso que encontramos: Jonas,um menino de oito anos de idade que freqüentando o 2º ano do Ensino Fundamental, demonstrava dificuldades na leitura e na escrita, e principalmente, a sua grande dificuldade de lidar com a realidade e de concentrar-se em si mesmo.
Dificuldades estas, que podem estar aliadas aos transtornos de saúde que ocorreram numa fase de grande importância para seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Portanto, os obstáculos funcionais orgãnicos, aliados a fotores emocionais, interferem diretamente em seu desempenho escolar.
Assim, neste artigo abordaremos a importância da Epistemologia Genética, da Neuropsicologia e da Psicanálise no auxilio das dificuldades de aprendizagem nas instituições de ensino. Como fatores, genéticos, orgânicos e emocionais podem interferir no desenvolvimento dos individuos e, como essas a´reas têm grande influencia sobre o processo de ensino-aprendizagem; e que nos auxilia na compreenção para podermos explicarmos os fenomenos pedagógicos que encontramos no nosso dia-a-dia.
Então, juntemos a  Epistemologia genética  que busca conhecer a origem ( genese) do conhecimento, ou seja, faz uma  abordagem do sujeito em seu processo de construção do conhecimento, com a Neuropsicologia, que ressalta a importância do estimulo para o corpo como um todo até chegarmos na Psicanálise que comprova que somos constituidos como sujeitos desejantes do saber, aliadas em conjunto com a psicopedagogia, para  apresentarmos uma receita de sucesso nas instituições de ensino, buscando sempre a coerência, a paciência e tolerância na medida certa, para no final alcançarmos o sucesso escolar.

Contribuição psicopedagógicaPercebemos o mundo através do nosso cérebro, que entra em contato com ambiente por meio dos órgãos dos sentidos, que respondem aos diversos estimulos. Assim, destaquemos a grande importância da neuropsicologia dentro das escolas : se não estimularmos o corpo como um todo, poderemos fazer uma interpretação incorreta, interferindo na aprendizagem. Sara Paim (1989) afirma que:
A origem de toda aprendizagem está nos esquemas de ação desdobrados mediante o corpo. Para a leitura e integração da experiência é fundamental a integridade anatômica e de   funcionalismo dos òrgãos diretamente comprometidos com a manipulação do entorno, bem como os dispositivos que garantem sua coordenação no sistema nervoso central. ( p.29)
Ela aponta ainda que tanto nas escolas como em clinicas, vemos as dificuldades de nossos alunos apenas como manisfestações dos problemas afetivos, cognitivos ou emocionais, deixando de lado os aspectos orgânicos;o corpo e o organismo, pois quando há uma disfunção neurológica ou endocrinológico refletirá certamente na aprendizagem do individuo.Daí a importância do sistema nervoso central que Pain tanto menciona em suas obras: ele é o grande coordenador de todos os dispositivos corporais, bem como de seu funcionamento nas relações com o meio ambiente.
Diversas alternativas nos possibilitam para direcionar nosso olhar psicopedagógico, trabalhando multidisciplinarmente, envolvendo estudos sobre o sistema nervoso central e suas diferentes manifestações: linguagem e raciocínio lógico. Buscamos nas neurociências a explicação e intervenção dos mecanismos neuronais que sustetam atos cognitivos, perceptivos, motores, sociais e emocionais.
Kandel et al. ( 2000) ao conceituar a neuropsicologia esclarece que, além de fornecer informações sobre o comportamento, tendo como escape atividade cerebral produzida por milhões de células neurais, também trata das influências do ambiente incluindo-se nelas, as relações interpessoais.
Vários psicanalistas buscam elos entre as relações fisiológicas com o psiquismo, dentre todos Monah Winograd escreveu um artigo sobre freud publicado pela Revista Percurso, nº 28, 1/2002 com o titulo “ Freud, o corpo e o psiquismo”, o qual ela cita os pensamentos do pai do psiquismo:
A conexão entre processos fisiológicos e processos psicológicos não é de causalidade mecãnica: são processos paralelos, concomitantes e dependentes reciprocamente uns dos outros. Podemos dizer que cada um é causa do outro e de si mesmo, cada ocorrência numa das séries produz efeitos nesta mesma série e na outra. Deste ponto de vista, é problemático qualquer discurso que pretenda reduzir uma série à outra, seja biologizando o sujeito, seja o psicologizando-o. A psicanálise está assentada neste paralelismo psicofisico de Freud que, provavelmente, é o seu pressuposto mais importante.
Para compreendermos o funcionamento intelectual da criança, a neuropsicologia pode recorrer a diversos profissionais, tais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos,etc, promovendo uma intervenção terapêutica mais eficiente.
Ao referir-mo-nos em dificuldades de aprendizagem, Tiosso (1989,1993) assinala que reprovações escolares têm multiplas etiologias. No processo ensino-aprendizagem, consideramos que uma avaliação global das funções psicológicas deve levar em conta todo mecanismo cerebral, nos seus niveis sucessivos de evolução. Assim, a avaliação neuropsicológica é a única forma possivel de se avaliar uma determinada função.
Podemos conceituar o organismo fisiológico como sendo uma máquina cibernética, na qual vigora a norma do equilibrio. Adaptação como equilibrio. Trata-se do que Piaget ( 1936/1956) denomina de adaptação-estado: equilibrio é adaptação estado. Necessitando transitar da vida para o comportamento. Em suma, o sujeito age. E agir significa assimilar o meio e se acomodar a ele.
O ser humano nasce com a possibilidade de interagir com o meio, construir seus esquemas de ação, e, assim, interagir em sistemas cada vez mais abrangentes.
Piaget conceitua a inteligência sendo uma adaptação, porque o sujeito deve sentir-se bem em seu meio. Esta adaptação é composta por três mecanismos: assimilação, que é o apreender novas experiências, que podem ser generalizadas e transpostas para outra ação. A acomodação, o sujeito é pressionado a mudar suas ações, levando-o á equilibração que é um processo ativo, onde o individuo reage a um problema, ou seja o sujeito abre-se ao mundo e encontra-se com ele.
Paul J. Eslinger, em seus estudos neuropsicológicos demonstra sendo muitas diferenças entre as funções executivas da inteligência geral e da memória, o que se traduz como um cuidado conceitual, tanto no diagnótico quanto na intervenção psicopedagógica :
As áreas do cérebro que possibilitam funções executivas são as últimas a  amadurecer sendo que, progressivamente vão permitindo: dominar os conhecimentos para fatos, números, palavras e imagens. Tais funções são indispensáveis para nossas atividades e para as adaptações ao contexto que nos rodeia porque são responsáveis, em cada um de nós, pela consciência em relação ao nosso conhecimento e ao nosso desconhecimento.
Contudo, o que se enfatiza é o ajuste ao mundo, porque é somente assim que as estruturas assimilativas do sujeito são alargadas, o que amplia sua inteligência do mundo bem como lhe propicia os elementos para a critica de seus próprios limites: o sujeito tem uma finalidade, que é a de romper seus próprios limites e conquistar a compreensão do mundo. O sujeito crítico-hermenêutico: o sujeito que compreende o mundo e é critico de si.
O sujeito age e se apropria do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado próprio, de acordo com as suas possibilidades de entendimento até então desenvolvidos.
Em sala de aula., Teberosky( 1989) descreve situações de interação social de crianças em fase de alfabetização e, defende que estas elaboram suas idéias sobre a escrita pelo mecanismo da assimilação de informações do ambiente, sendo indispensável o auxilio do professor, que amplifica o acesso dos alunos a propriedades do sistema da escrita, algo de natureza inerentemente social.
Para a psicanalise, o afeto é deteminante para que aconteça a aprendizagem, pois é o gerador do desejo de saber, á necessidade de conhecermos melhor o aluno para nos relacionarmos melhor, a necessidade de conhecermos as fases do desenvolvimento afetivo do aluno para que nos relacionemos de acordo com as caracteristicas e os desejos presentes em cada uma dessas fases.
Aspectos estes, relacionados a objetos de estudo da psicanálise: constituição do sujeito, determinação das pulsões, dos desejos e do outro no processo de desenvolvimento, mecanismos de defesa, fases de desenvolvimento psicossexual.                        Quando os educadores se familiarizarem com as descobertas da psicanálise, será mais fácil se reconciliarem com certas fases do desenvolvimento infantil.
Existem a fase oral( do nascimento aos dois anos), a fase anal ( dos dois anos aos três anos), a fase fálica ( dos três anos aos sete anos), a fase de latência ( dos sete aos doze) e a fase genital (dos doze anos em diante). Para os educadores, torna-se necessário o conhecimento sobre estas fases, pois elas são determinantes para a personalidade do adulto. Nelas estão situadas as causas das neuroses infantis ou adultas, no caso de terem vivenciado traumas e recalcamentos em consequência de ações educativas excessivamente rígida e punitiva.
Para Freud a vida adulta é decorrente do que aconteceu na infância. A psicanálise contribui para a educação deixando o conhecimento de que as questões emocionais/afetivas determinam ,comandam e interagem com o que sentimos, pensamos, aprendemos e agimos. Assim, se a criança, no caso em questão, o menino Jonas, estiver conturbado emocionalmente, seu potencial para aprender, agir e pensar não se explicita, ficando enclausurado em seu mundo.
Na escola, se conhecida essas fases e valorizadas todas estes esquemas corporal – orgânico, ajudará o psicopedagogo e os professores a compreenderem que determinados comportamentos dos alunos são intrínsecos.
Reclamar, punir, criticar ou insistir que aprendam com mais dedicação ou com práticas de ensino mais exigentes, não irá modificar seus comportamentos, mas poderá acarretar sentimentos contraditórios, inclusive de baixa auto- estima. A criança precisa sentir o desejo, a pulsão pelo aprender, para conhecer tudo o que a cerca, basta apenas oferecer condições para que isso ocorra. Observar as crianças quanto as suas necessidades e interesses e com elas dialogar sobre estratégias mais oportunas para a transmissão do conteúdo.
É preciso ensinar os alunos a pensar, e é impossivel aprender a pensar em um regime autoritário. Pensar é procurar por si próprio, é criticar livremente e demonstrar de forma autônoma.
Considerações finaisA capacidade que o ser humano têm em relação a aprendizagem é um fato evidente. Saber compreender os estágios cognitivos, o funcionamento fisiológico dos alunos torna-se prioritário no fazer psicopedagógico e educacional.
Saber escutar, questionar a criança, perceber qual entendimento ela possui de sua realidade, dos valores morais, e da lógica, cria uma habilidade de avaliação rica, capaz de encaminhar o psicopedagogo ou os educadores para uma conclusão lógica sobre o potencial de aprendizagem da criança em questão.
Compreender o processo de pensamento de Jonas. Investigar o seu nível operatório, para que sejam ajustados as propostas de ensino às suas condições reias de aprendizagem. Instiga-lo e provocar-lhe o desequilibrio necessário, lhe possibilitará a reflexão sobre novas formas de pensar sobre sua realidade, possibilitando assim, o avanço de seu nivel operatório ou de abstração.
Os problemas de aprendizagem surgem por falta de possibilidade da criançaaprender, onde não possui a curiosidade desperta, não possui autoria de pensamento.
Todo pensamento, todo comportamento humano remete-nos à sua estruturação inconsciente, como produção inteligente e, simultaneamente, como produção simbólica.
A interpretação do discurso não pode ser feita sem levar em conta o nível da realidade, pois a realidade é a prova: sem levar em conta a leitura inteligente dessa realidade que lhe dá sua coerência:sem levar em conta a dimensão do desejo, que é sua aposta, sem levar em conta sua modalidade simbólica que lhe dará sua paixão. SARA PAIM (p.233)
Bibliografia
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