terça-feira, 22 de novembro de 2011

RELAÇÕES DE AFETIVIDADE E REJEIÇÃO

Resumo: Atualmente, temos claro no campo da educação que as relações de afetividade e rejeição são de suma importância no processo de aprendizagem de crianças, jovens e adultos. Contudo no presente artigo contesto até onde as relações de afetividade podem interferir direta ou indiretamente no processo de aprendizagem deste individuo, onde objetivou o levantamento das tipologias de famílias que temos em nosso cotidiano ou que também podemos denominar como os novos modelos de família, onde o real de modo geral se distancia grandiosamente do ideal. Apresento ainda a essência da afetividade e sua origem, partindo da concepção de família, e seguindo para os dois tipos de família que comumente encontramos o da mononuclear cristã e mononuclear mosaica, transcorrendo pela influencia da família e aquilo que ela ocasiona na aprendizagem do individuo e chegando até o campo de atuação da psicopedagogia que surge como mediadora deste conflito. A conclusão deste estudo se fez a partir de uma criteriosa analise de todos os dados coletados e posteriormente refletidos para que se chegasse a resposta de uma única incógnita: Quais são os efeitos que as relações de afetividade e rejeição causam no processo de aprendizagem.
Palavras-chaves: aprendizagem, desenvolvimento, afetividade, autoconceito, autoestima e modelos de família.

IntroduçãoNesta minha inicial e pequena caminhada pelo ambiente escolar, ainda não conheci um pai ou mãe que não fique deslumbrado em receber elogios sobre a boa educação de seu filho, pois de modo geral e segundo o senso comum os pais são os grandes responsáveis por a educação e bom relacionamento interpessoal de seus filhos, mas na prática, o verdadeiro protagonista deste processo de amadurecimento da afetividade é ele próprio que desde cedo constrói um conjunto de valores para si. No entanto constatou – se que crianças que não possuem tal vínculo de afetividade em seus lares, geralmente padecem no meio acadêmico, onde a afetividade tem relação direta com a construção de valores e com a forma de agir frente a dilemas e morais, onde podemos fazer uma relação entre a moral, sentimentos e as emoções. Segundo Piaget, o desenvolvimento moral, e mais ainda as ações relacionadas a ele dependem de um tipo de “energia motora” para que passe assim a ocorrer a afetividade.
Como se não bastasse, hoje ainda temos que conviver com a violência por parte de outros jovens que são contra tudo aquilo que foge ao seu padrão de normalidade o chamado bullyng, ocorrendo através da internet, celular e pessoalmente, através de mensagens e comentário depreciativos e em casos mais graves chegam a agressão física. Na internet essa agressividade é conhecida como cyberbullyng, sendo ela um problema crescente, uma vez que cada dia mais os jovens passam a ter mais acesso a internet e meios tecnológicos e contatos uns com os outros além de obter uma repercussão muito mais ampla e rápida devido a agilidade desta tecnologia e exposição aos demais amigos que possuem acesso a estes mesmos meios de comunicação.
Segundo Chamat (2008), as conseqüências das defasagens escolares englobam o individuo como um todo, isto é, incorpora o estigma de impotente, impedindo - o de outras realizações. A repercussão disso é grave, pois poderá desenvolver uma péssima imagem de si mesmo, levando o aluno a marginalidade, á identificar – se com más companhias, conduzindo – o a as drogas, delinqüência e a prisão por conseqüência. O fracasso escolar culminante a falta de afetividade certamente irá gerar uma repercussão negativa na personalidade do sujeito em desenvolvimento, levando o mesmo para uma transformação sem auto - valorização o que calha com um adulto infeliz e com estigma de fracassado. Nestes estágios é visto como de suma importância a participação de dois profissionais: o psicopedagogo para a atuação no campo da defasagem escolar e o psicólogo para atuar no campo emocional, salientando ainda a delimitação do campo de atuação de cada um destes profissionais.  Não podemos se esquecer de uma citação muito importante e que vem a calhar com a abordagem deste tema onde para Piaget, não é possível existir assimilação/acomodação em um indivíduo com problemas de afetividade.
Ainda segundo Chamat (2008), existe a problemática da criança sem limites, onde vemos que a criança sem limites tem uma disfunção de comportamento, que é muito comum em portadores de dificuldades de aprendizagem. Algumas das causas são orgânicas, mas na grande maioria é um reflexo da desorganização familiar e mais uma vez vale ressaltar a importância da disciplina no acompanhamento destas crianças.
Em alguns casos, as frustrações também podem partir dos pais das crianças questionando questões como se eles erraram na educação de seus filhos, em que momento isso ocorreu, se foram muito exigentes com seus filhos por medo que eles pudessem fracassar e passam a se sentir incompetentes e ao invés de serem os alicerces de seus filhos, mudam sua conduta comportamental instintivamente com irritabilidade e nervosismo, comprometendo ainda mais o seu vinculo com esta criança até mesmo no campo do conhecimento. Que por conseqüência implica na aprendizagem e criatividade da criança. Em nosso cotidiano encontramos crianças que se arrastam por anos na mesma série, por não acompanhar os colegas de classe, no termino deste período podemos encontrar algumas que fora do ambiente escolar conseguiram se dar bem na vida, mas também  temos aquelas que tiveram um comprometimento tão grande e profundo devido o insucesso  escolar que se tornam apáticos na vida.

Afetividade: definiçõesA palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar), e constitui o elemento básico da afetividade. Segundo caracterização do Dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade é apresentado como “conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza." Para Piaget (2001), a afetividade está em todos os movimentos mentais conscientes e inconscientes não-racionais (razão), sendo o afeto um elemento indiferenciado do domínio da afetividade. Segundo ele, o afeto é a energia necessária para o desenvolvimento cognitivo e estudos que integram as pesquisas de Freud e de Piaget especificam que a afetividade influi na construção do conhecimento de forma essencial através da pulsão de vida e da busca pela excelência.
Já no olhar exclusivo da psicanálise, afetividade é o conjunto de fenômenos psíquicos manifestados sob a forma de emoções ou sentimentos e acompanhados da impressão de prazer ou dor, satisfação ou insatisfação, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza; e afeto, o termo que a psicanálise foi buscar na terminologia psicológica alemã, exprime qualquer estado afetivo, penoso ou desagradável, vago ou qualificado, quer se apresente sob a forma de uma descarga maciça, quer como tonalidade geral.
Ainda segundo Freud, toda pulsão se exprime nos dois registros, do afeto e da representação. O afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional e das suas variações. Em 1920, Freud diz que uma pulsão é um impulso, inerente à vida orgânica, a restaurar um estado anterior de coisas, impulso que a entidade viva foi obrigada a abandonar sob a pressão de forças perturbadoras externas. Todavia, compreendemos e podemos relacionar que a afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, influenciados pela socialização.

Concepções de estruturas relacionadas a afetividade
Família
Knobel (1992), nos relata como as famílias têm passado por diversas formas: Na história da família observa-se que a família do tipo tribal (onde praticamente todos os parentes configuravam a família e que ainda se observa em alguns grupos culturais) passou-se à família “nuclear”, formadas só pelos pais, filhos e algum avô ou um outro familiar, até chegar atualmente à família reduzida, com uma precoce desvinculação dos filhos e a estruturação complementar do casal. Entretanto, essa última situação ainda é consciente e inconscientemente rejeitada, causando diversos tipos de conflitos. Apesar de que aparentemente em grupos sociais mais elevados, intelectuais e artísticos, existe uma aceitação de “famílias reduzidas”, que podem chegar a ser o pai ou mãe e um filho ou filha.          
Knobel (1992), nos faz uma referência para entendermos um pouco mais como as famílias tem agido e pensando em nossa sociedade atual: Temos observado que ainda em pessoas que se consideram liberais ou progressistas, e especialmente em muitos adolescentes, um modelo familiar nuclear predomina como ideal de vida enquanto se pretendem justificar ou racionalizar os benefícios de uma aparente liberdade que a família reduzida poderia oferecer.
Considerando que esse processo psicossociobiológico está se desenvolvendo como conseqüências de uma profunda quebra de valores e conflitos não resolvidos nas pessoas, que incompetentementes, por razões psicológicas ou por circunstâncias socioeconômicas, estão sendo levadas a essa modalidade de vida familiar que no íntimo não desejada, porém aparentemente aceita e até justificada.
Muitos conflitos neuróticos da infância, da adolescência e dos adultos jovens podem estar ligados a essa nova estrutura dos sistemas familiares, que por outra parte são – em nossa sociedade – coexistentes. Surgiram assim as necessidades de uma assistência psicológica especializada na área da saúde. Diversos problemas de saúde infanto-juvenil, de relacionamento conjugal, de vida sexual (impotência, frigidez, etc), de desavenças entre pais e filhos e não poucos tipos de neuroses, condutas agressivas e até violentas, podem ter parte de sua origem nos conflitos dessa modalidade de vida familiar problemática.
Gomes e Paiva (2004), nos afirmam que a família do século XXI, tem uma nova configuração para o conceito de casamento, pois as famílias vão se construindo de forma mais ampla, incluindo novos parceiros, fazendo com que o pai perca substancialmente a sua tradicional figura e função, surgindo grande número de lares dirigidos apenas pela figura materna.
De acordo com Carvalho apud CENPEC (2001, pp.15-16), “em geral, foram e são as mães a porta de entrada do núcleo familiar e as mediadoras em projetos e ações dirigidas à família”.
Para Gomes e Paiva (2004):
As famílias não são mais patriarcais, nem tão pouco segue a via de regra de três – pai (homem), mãe (mulher) e filho. As mães, não têm mais dedicação exclusiva a oferecer para os filhos, e ainda que tivessem esses não mais suportariam. O pai, porto seguro da família, nem sempre pode ser assim comparado devido à desestabilidade econômica que amedronta e intimida (...) o desafio das famílias de hoje é o grande resultado da modernização desenfreada.
Hoje, grande parte das famílias é chefiada por mulheres. A vida econômica é altamente instável e os valores morais passaram a ser transitórios. As crianças passaram a ingressar cada vez mais cedo nas escolas.
Segundo Farache (2004, p.01), não é a estrutura da família que vai definir ou delimitar sua capacidade de cumprir a função social que lhe compete. É necessário despojar-se de muitos preconceitos e concepções culturalmente arraigados, aceitando que o modelo de família é uma construção histórica, que se transforma juntamente com a sociedade, transformando e modificando também antigas normas e tradições, e que o mais importante é não perder sua função social precípua que, no caso da família, é a formação, principalmente moral e ética.
Sendo a família o referencial mais seguro que o indivíduo pode alcançar, perfeita ou não, faz-se necessário valorizá-la e acreditar nas suas possibilidades de valores, crenças e costumes.
Família Mononuclear CristãTemos – por composição básica da família cristã o pai, mãe e filhos, tendo as relações de parentesco por meio dos laços sanguíneos. A partir deste modelo de família, todos são regidos pela disciplina e pelas regras da conduta cristã. A família cristã foi originada por Deus que após a criação de Adão, dizia que não seria bom que o homem não ficasse sozinho. “Eva foi feita de uma das costelas de Adão, significando que ela não deveria dominá-lo como a cabeça, nem ser pisada sob seus pés como se fosse inferior, mas estar ao seu lado como sua igual, ser amada e protegida por ele” (WHITE, 2001, p.14).
A questão matrimonial é uma instituição criada por Deus, pois após criar o homem e a mulher, afirmou “Por essa razão deixa o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (GÊNESIS 2: 24). Quanto mais perto os cônjuges estiverem de Deus, mais próximos estarão um do outro” A família cristã visa alguns aspectos singulares como o cuidado da família em atentar aos conselhos divinos que estão registrados na Bíblia Sagrada. Os cônjuges têm também a consciência de que são representantes de Deus em seu lar.  Ainda destacando a influência que os pais exercem sobre a educação dos filhos, White (2008, p.63) nos declara que:
O círculo familiar é a escola em que a criança recebe suas primeiras e mais duradouras lições. Por isso, devem os pais demorar-se mais no lar. Por preceito e exemplo devem ensinar aos filhos o amor e o temor de Deus; devem ensinar-lhes a serem compreensivos, sociáveis, afetivos; a cultivar hábitos produtivos, de economia e abnegação
Outro aspecto de suma importância trata do fato de que o homem assim como a mulher foram colocados por Deus em plena igualdade, e colocando ambos a responsabilidade de amar e se respeitar mutuamente. Seguindo os preceitos divinos, procuram tomar as decisões em conjunto, para que ambos fiquem satisfeitos. A mulher neste desenho familiar tem maiores possibilidades de sentir-se amada, protegida e valorizada por seu parceiro. Contudo, podemos observar que a mulher cristã é livre para buscar suas realizações pessoais e profissionais, tendo ciência de que ao se tornar mãe, adquire perante Deus o dever de educar seus filhos, tornando-se esta a sua principal tarefa, especialmente nos primeiros anos de vida dos mesmos. Em seu papel de mãe, a mulher cristã procura ser presente, pois compreende que seus filhos aprenderão muitos dos valores e princípios que nortearão suas vidas, através de seu exemplo e influência.
Nas famílias cristãs, é permitido o contrair de novas núpcias somente em caso de morte ou adultério, porém, seguindo os princípios e dogmas cristãos baseados na Bíblia.

Família MosaicaAtualmente, vivenciamos incontáveis mudanças na estrutura familiar e suas correlações internas e externas. Gerando assim, um complexo social, psicológico e biológico com variados e também complexos subsistema.
A família mosaica possui como característica suas configuração desenvolvida a partir de relacionamentos que uma vez estáveis vieram a se romper, ou por pelo menos um dos cônjuges que já teve outras relações conjugais e filhos. Em geral, são famílias dissolvidas pelo divórcio e unidas a outras que sofreram a mesma situação. Portanto, essas são compostas muitas vezes, por pais e filhos que não são unidos consangüineamente, mas unicamente a partir de uma relação mutua de respeito e consideração. No entanto, na nova relação, marido e mulher, ainda podem surgir novos filhos. E a partir desta relação podemos denominar como família mosaica, ou seja, constituída por vários fragmentos, assim como as peças de um mosaico.
A partir deste ponto percebe-se que o divórcio tem surgido como uma segunda opção, ou recurso aparentemente simples para a solução dos problemas conjugais. Surgindo assim uma esperança de solucionar os conflitos decorrentes das consideradas incompatibilidades do matrimonio. A esse respeito, Wallerstein; Blakeslee (1991, p.30) nos afirmam que:
As pessoas que querem acreditar que o divórcio vai aliviar toda a tensão – que, com ele, voltarão à estaca zero e reiniciarão suas vidas. Porém, o divórcio não apaga o que já foi feito. Uma nova união às vezes vem acompanhada de três filhos pequenos, de um emprego mal remunerado e dos fantasmas do casamento fracassado. Por vezes, é acompanhada de sensações de se ter sido afastado dos filhos e de não se saber como reconstruir um lar. Outras vezes, ainda, se inicia com um sentimento de solidão e carência afetiva, além da sensação de não se ter mais condições de ser amado.
No entanto, esta configuração de família se mostra atraente pelo fato de possibilitar a realização pessoal e profissional de ambos os cônjuges, desenvolvendo-se em posições de igualdade perante a família, tendo como base a importância de que as decisões devem ser tomadas em parceria para um bem estar geral.
Sendo assim, ao tratar de pontos relevantes para benefício e benfeitoria de todos, vale ressaltar as palavras de Macedo (2009, s/p), quando nos afirma que “a família é um dos mais relevantes contextos organizacionais, responsável, simultaneamente, pela perpetuação e transformação nas relações sociais entre os sexos”.
Deste modo, podemos refletir que como conseqüência do divórcio é comum para uma criança que vivencia essa realidade compreender através da experiência dos pais, que o conceito de um casamento, de modo geral, não é necessariamente eterno e fundamental, podendo mais facilmente se propiciar a em sua vida conjugal, também optar pelo divórcio talvez até por questões banais, não sendo exagero dizer que as pessoas caminham para a formação de indivíduos de pouca garra, de estrutura emocional debilitada, com tendência a forte instabilidade emocional, intolerante e egocêntrico.
A influência da afetividade na aprendizagemA nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei 9.394, nos oferece os dois mais importantes princípios da afetividade e amor no âmbito escolar, o respeito à liberdade e o apreço à tolerância, que são inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Ambos, têm por fim último o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania ativa e sua qualificação para as novas
ocupações no mundo do trabalho. 
Segundo Piaget (2001), a afetividade não modifica a estrutura no funcionamento da inteligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de aprender. “A ação, seja ela qual for, necessita de instrumentos fornecidos pela inteligência para alcançar um objetivo, uma meta, mas é necessário o desejo, ou seja, algo que mobiliza o sujeito em direção a este objetivo e isso, corresponde à afetividade”. (DELL’AGLI, BRENELLI, 2006, p.32)
É fato ainda que a afetividade não modifica a estrutura no funcionamento da inteligência, porém, poderá acelerar ou retardar o desenvolvimento dos indivíduos, podendo até interferir no funcionamento das estruturas da inteligência. Autores como Piaget, Wallon, Vygotsky e Erickson reafirmam a influência do meio escolar na construção da individualidade da criança ou no desenvolvimento de toda a personalidade.
Já para Oliveira (2006, p. 47) ”o desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais”. Oliveira (2006, p. 78) nos afirmou que uma pessoa com dificuldades emocionais pode apresentar, por exemplo, olhos semicerrados, isto é, para evitar olhar nos olhos dos interlocutores quando se sente ameaçada e outras mensagens como lábios muito contraídos, tronco curvo, diminuição da qualidade do gesto, movimentos inseguros, grande tensão muscular que se verifica no pescoço, nas mãos e nas posturas rígidas.
Oliveira (2006) nos afirma que alguns sinais emocionais são muito evidentes e alguns desses sentimentos transmitidos pelas crianças podem prejudicar a aprendizagem. E entre eles podemos destacar: A raiva, a agressividade, o medo, a timidez excessiva, a ansiedade e a insegurança revelada pela baixa auto-estima, frustrações, falta de amor, em ambientes opressivos e agressivos podem adotar a agressividade como maneira de se proteger. As crianças demonstram sentimento de inibição e timidez geralmente em atitudes de vergonha e insegurança: não olham nos olhos de seus interlocutores, mantêm o corpo curvado quando andam, falam pouco e baixo, não ousam brincar, correr ou falar livremente, receiam questionar os professores, mesmo quando não entendem as instruções destes. Estas atitudes acabam por prejudicá-las no desenvolvimento da aprendizagem, pois são muitas vezes influenciáveis ao formar sua opinião, preferindo não expor seus verdadeiros sentimentos por medo de serem mal compreendidas ou fracassarem. Desta forma, acabam se tornando acomodadas e tendem a ser humildes e acanhadas, o que as traduz em pessoas com baixa auto- estima.
Podemos ainda citar alguns dos fatores que normalmente desencadeiam o estresse infantil são: condições precárias de moradia, alimentação, trabalho desgastante ou de uma educação rigorosa, com castigos corporais, ou ainda, em casos de insegurança como divórcio dos pais, morte de pessoas próximas.
Cabe ainda aos docentes que propiciem a estas crianças atividades em que possam liberar suas emoções e energias acumuladas ao longo das atividades, assim como demonstrarem ser dignos de confiança para que estas possam ter segurança em lhes contar o que verdadeiramente lhes causa incomodo. É importante lembrar que as características individuais de cada sujeito podem ser um fator determinante na aquisição e elaboração da auto-estima.
A auto-estima é caracterizada em função do caráter positivo ou negativo levando em conta que uma pessoa tenha auto-estima positiva quando esta tende a se valorizar e sentir-se bem consigo mesma e possui auto-estima negativa quando se valoriza pouco e se sente mal consigo mesma. O vínculo afetivo que foi estabelecido na relação parental e o padrão de apego nas interações mãe-filho, assim como o estilo educativo a que foi submetido contribuem na construção da auto-estima e pode influenciar diretamente em seu caráter e personalidade.

A família no processo de aprendizagemPodemos entendemos que o ambiente familiar, o escolar e os outros cenários sociais participam na configuração de nossa individualidade, sejam nos traços psicológicos como nos aspectos afetivos emocionais. A família ou o meio familiar em que a criança está inserida é o seu primeiro ambiente de aprendizagem; é nesse contexto que a criança aprende as primeiras habilidades sociais, como a comunicação entre seus semelhantes, assim como lhes são transmitidos os valores sociais da cultura em que esta família se insere, e suas expectativas.
Freud nos diz que as experiências sociais vividas desde o nascimento até a morte reside em um conflito psicossocial básico que deve ser resolvido entre dois pólos opostos, que ocorrem no primeiro ano de vida, sendo a confiança básica e a desconfiança básica nos demais. Os pais que favorecem essas iniciativas podem desenvolver nas crianças um verdadeiro sentimento de autonomia, mesmo estabelecendo certos limites. As restrições e as exigências de autocontrole excessivas desenvolvem o outro pólo que é o da culpa, podendo diminuir o sentimento de autonomia e, portanto de iniciativa da criança o que poderá dificultar a aquisição dos pólos positivos das etapas seguintes.
Todavia percebe-se a importância dos pais ou cuidadores na formação e no desenvolvimento do autoconceito e auto-estima das crianças. Uma pessoa que não possui um autoconceito adequado pode não estar aberta as suas próprias experiências afetivas, assim como uma pessoa com baixa auto-estima demonstra dificuldade em sua auto-aceitação e procura representar papéis que considera oportuno em cada momento desejando sentir-se aceita pelos demais. A autodeterminação e a independência afetiva são afetadas negativamente pela falta de um autoconceito bem desenvolvido. O autoconceito não é algo inato, é construído ao longo do tempo, se desenvolve e evolui com características distintas em cada fase da vida do ser humano e sofre influências das pessoas significativas do ambiente familiar, escolar e social, e das próprias experiências de sucesso e de fracasso.
Apresentaremos duas teorias principais sobre a formação e o desenvolvimento do autoconceito. O Simbolismo Interativo ou a teoria do espelho e a Aprendizagem Social. Segundo a teoria elaborada por Cooley (1902) e Mead (1934), o simbolismo Interativo, o individuo se vê refletido na imagem que os outros lhe oferecem de si mesmo, como se eles fossem um espelho, e assim, o individuo acaba sendo como os outros pensam que ele é. Por esta teoria, os pais e os familiares são os que transmitem quase que exclusivamente, as informações que as crianças têm de si mesmo nos primeiros anos de vida e, na medida em que crescem apropriam-se das informações das outras pessoas, como professores e amigos.
Na teoria da Aprendizagem Social, de Wallon e Vygotsky, a criança adquire o autoconceito por meio de imitação. A criança identifica-se com alguém, imita-a e absorve as características que lhes pertencem, formando um conceito parecido com o das pessoas que a cercam. Em ambas as teorias, os pais desempenham um papel de suma importância na formação do autoconceito de seus filhos. A auto-estima que as crianças desenvolvem depende das atitudes de seus pais para com elas. Filhos de pais carinhosos e afetivos costumam ter um grau maior de auto-estima do que os filhos de pais afetivamente frios e desinteressados. (SÁNCHEZ e ESCRIBANO, 1999, p.19)
O professor como mediador do processo de aprendizagem
O professor precisa estabelecer uma relação afetiva com os alunos e que perceba que como indivíduo, seus alunos também têm algo a oferecer e que a aprendizagem se faz por meio das interações que são estabelecidas. O professor oferece através de suas atitudes, uma série de informações ao aluno que irão contribuir na formação de seu autoconceito. Portanto, as expectativas que o professor tem para com seu aluno poderão contribuir em seu desempenho. O aluno que tem suas características exaltada pelo docente, tende a acentuá-las cada vez mais, enquanto aquele que se sente rejeitado ou discriminado tende a se afastar da situação e acaba por ver as expectativas negativas do docente confirmadas.
Deste modo, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem podem se enxergar como incompetentes, o que interfere em seu autoconceito e em sua capacidade de reverter a situação. Socialmente pode apresentar comportamento de isolamento, dependência, passividade e até mesmo submissão, por se sentirem menos respeitadas e aceitas em seu meio.
Para realizar as propostas do ensino, o professor estar integrado com as possibilidades de aprendizagens do aluno e suas características individuais, para que possa adequar a metodologia de ensino ao aluno. O conhecimento será feito por intermédio da interação e da comunicação, da observação continua de seus meios de aprendizagem e da reavaliação da proposta a cada nova fase do processo.
O professor como mediador do processo tem por obrigação facilitar os alunos a construir aprendizagens significativas e, para que seja possível necessita atribuir um sentido pessoal à aprendizagem para que os alunos compreendam não apenas o que têm de fazer, mas também por que e para quê. A participação ativa dos discentes acontece quando estes sentem que podem ter êxito em sua aprendizagem e para isso devem ser propostas atividades que eles sejam capazes de resolver com as intervenções necessárias, e sejam encorajados pelo esforço e não pelo resultado final.
Deve–se considerar que ao ingressar na escola, a criança traz em sua bagagem inúmeros conhecimentos que terão de ser levados em conta por quem lhes ensina. Muitos dos valores socioculturais aprendidos no contexto familiar podem entrar em conflito com os conhecimentos que a escola pretende transmitir.
A abordagem psicopedagógica nos conflitos afetivosA função do psicopedagogo nesta relação não deve se manter apenas em orientar a família quanto aos processos educativos que estas desenvolvem, mas sim a demonstrar como a família e a escola podem colaborar na construção em parceria de atitudes e de valores que somadas, podem enriquecer o processo de aprendizagem e desenvolvimento da sociedade como um todo.
Atividades que promovam a presença e a participação da família na escola devem ser estimuladas, enquanto a escola deve buscar conhecer e a comunidade em que está inserida fazendo parte da elaboração e dos acontecimentos culturais e festivos que a mesma proporciona.
Como foco o psicopedagogo deve buscar valorizar a afetividade como pressuposto básico para a aprendizagem e a sua eficácia na avaliação do rendimento escolar. A participação psicopedagógica nesta relação é inicialmente, procurar conhecer o professor e sua preparação pedagógica, o projeto político pedagógico da escola e os mecanismos que usam para alcançar o desenvolvimento ensino aprendizagem, para que sua intervenção seja feita de modo consciente e compatível com os envolvidos nesta relação.
No âmbito de ensino-aprendizagem, o discente que apresenta dificuldades emocionais, poderá sofrer conseqüências que dificultarão o desempenho de suas atividades acadêmicas. A interação social que se estabelece no meio escolar contribui para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, pois este passa a ser constantemente confrontado com diferentes pontos e passa a ser influenciado pela escala de valores que o grupo adota. Destas interações sociais se determinará o papel que cada um exercerá em seu meio social.
Metodologia
Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.
Considerações finais
Gostaria de poder ter o controle de me limitar quanto ao conteúdo deste artigo, encarando - o como algo apenas de caráter acadêmico, mas uma vez que debatemos sobre o ser humano, compartilho de experiências vividas, pensamentos, reflexões entre outros, passei a incorporar e me considerar como parte desta obra.
Ao dissertar sobre a afetividade pude compreender que é algo além do que imaginamos, pois ultrapassa barreiras e transcende por gerações. Em seguida vimos as tipologias de família que encontramos em nossa vida real as quais fogem ao modelo estereotipado, pude me deparar com o ideal versus real, ao qual infelizmente muitos de nossos alunos vivenciam em nosso mundo globalizado. Famílias compostas por pedaços assim como em um grande mosaico, onde o pai ou a mãe não possui domínio nenhum sobre aquela criança e em muitos casos se quer possui aproximação física/ afetiva. E no ingresso a escola o mesmo não se diferencia, pois o próprio docente muitas vezes também é refém desta situação através de experiências vividas em seu núcleo familiar e passam a trazer essa vivencia para o ambiente escolar.
Desconsiderando assim suas experiências vividas, meios as quais fez uso para aprender, como aprendeu/ aprende e o mais agravante é desconsiderar o fato de que sem a afetividade na relação professor alunos assim como pais e filhos não existe construção de conhecimento. Poderia citar inúmeros autores que compartilham deste mesmo ideal. No entanto nada nos faz sentir mais do que o simples fato de se colocar no lugar do outro ou simplesmente relembra a nossa história de aprendizado desde a infância até os dias atuais, as matérias que mais gostávamos e por conseqüência dos professores que a ministravam ou da própria ternura em geral de nossas mães ao nos ensinar a dar valor nas pequenas coisas e em seu singelo modo que nos fez aprender a comer, se limpar e discernir o bom do ruim. Todavia estes valores estão em constante decadência e acaba se fazendo necessária intervenções que estão além do âmbito familiar, devido as mesmas já terem perdido o controle da situação e não conseguirem retroceder este processo que aparentemente se tornou irreversível, mas que com muita afetividade e amor pode ser reconstruído.
O papel do docente é de transmitir o conhecimento ao discente e também proporcionar meios para que a aprendizagem venha a ocorrer de fato, contudo venho defender, compartilha e tentar fixar a idéia de que para o professor se faz necessário a afetividade como pudemos observar neste artigo uma vez que este recurso não necessita de custos financeiros, apenas de algo que para alguns parece muito pior que é se dispor de corpo e alma ao outro, respeitando seu tempo, acreditando em seu potencial, o estimulando a novos meios e recursos de aprendizagem, ressaltando seu aspectos positivos entre outros. Já o psicopedagogo não fugirá da linha de trabalho do docente, no entanto, espera-se que tenha uma sensibilidade maior que a do mesmo e venha a trabalhe em cima das problemáticas especificas de cada um que chega em seu consultório de vido seu preparo para tal, colocando-se na posição de seu porto seguro, trazendo a família para a problemática, reestruturando este ser que até então se encontrava desmotivado, desacreditado em si mesmo e carente de afeto desta então denominado por eu mesma patologia da afetividade.
Contudo, concluo este artigo com a reflexão de Jean Piaget (1954, p.35), onde compartilha da seguinte idéia “a afetividade não modifica a estrutura no funcionamento da inteligência, porém, é a energia que impulsiona a ação de aprender”.
Bibliografia
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