terça-feira, 22 de novembro de 2011

INDISCIPLINA X DISCIPLINA

ResumoDisciplina não é algo inerente do ser humano ninguém nasce disciplinado, mas é importante tentar entender algumas coisas sobre a indisciplina e a disciplina, para podermos tornar este assunto mais fácil de lidar.
O principal é percebermos qual é o maior problema que envolve o tema “indisciplina”. Por que este assunto nos incomoda tanto? A que a indisciplina pode levar?
Algumas questões devem ser pontuadas para que as respostas possam ajudar a chegarmos a algum lugar.
Introdução
Por que existem pessoas indisciplinadas e outras disciplinadas?
O que é a disciplina?
O que fazer?
Estas são algumas questões que aparecem quando este tema é abordado e acabam gerando uma grande ansiedade nas pessoas que estão envolvidas na história: filhos/alunos; pais/professores.
Disciplina é uma questão contínua. Não se deve pensar que porque as regras já foram apresentadas, está terminado o trabalho. Enquanto o sujeito ainda não adquiriu um comportamento de entendimento sobre o que está vivendo ou vendo importância naquilo que foi demonstrado, não vai seguir ou utilizar aquelas regras em sua vida.
Isto explica porque um sujeito é indisciplinado e o outro não. As pessoas são diferentes. Alguns acreditam que as normas apresentadas são importantes e outros, não.
Ao falar de indisciplina, em primeiro lugar temos que pensar no sujeito e não focar na questão disciplina. A proposta, então, é fugir deste foco e tentar entender um pouco o sujeito.
Para querer que as pessoas obedeçam às regras, é preciso haver explicação das mesmas para que possam ser compreendidas.
É inevitável o questionamento delas ou desobediência, em algum momento, quando vêm impostas sem nenhuma explicação. Acabam provocando um estranhamento.
Para tentar responder as questões apresentadas no início, e outras, elas serão separadas, na tentativa de serem esclarecidas aos poucos.
Por que a indisciplina do nosso filho/aluno nos incomoda tanto?
A maior preocupação de pais e professores, ao encararem este problema é a consequência desta ação.
A indisciplina pode levar o sujeito ao desajuste social e/ou ao fracasso escolar.
Temos que perceber que o nosso filho/aluno é um cidadão com direitos e deveres.
Devemos criar metas, dentro da educação, para segui-las. Pensar o que é mais importante e quem é este pequeno cidadão que convive conosco. Esta é nossa missão.
Prepará-lo para o convívio social é um dos objetivos da educação. Por isso, é tão importante que ele entenda as regras e possa estar com os outros. Realmente, é difícil que o sujeito consiga conviver com outros sem respeito aos limites e sem criar disciplina de convivência.
Ao mesmo tempo imaginamos que sem participar do meio ele vá apresentar dificuldades de aprendizagem por falta de concentração e organização. Esta questão pode existir ou não. Existem vários casos de crianças que são indisciplinadas, mas que conseguem desenvolver um bom método de aprendizagem. Muitas vezes, o aluno até por não se sentir desafiado pelo sistema escolar, torna-se indisciplinado.
Por que existem pessoas indisciplinadas e outras disciplinadas?
Algumas pessoas nunca poderiam ser modelo ou ginasta. Nem por isso, podem ser consideradas pessoas indisciplinadas dentro da sociedade, por não conseguirem seguir as regras destas profissões. Com certeza, elas serão disciplinadas dentro das profissões que escolheram e que estão de acordo com as exigências. Então, por que generalizamos com as crianças?
O que temos que pensar é: Isto que ele está fazendo atrapalha ou atrapalhará sua vida?
A professora Zuleide Rodrigues escreveu em seu artigo, no site “pedagobrasil”, o seguinte:
“As atitudes comportamentais vão se formando gradativamente a partir do nascimento por meio de diversos paradigmas, institucionais ou não, em sua maioria com a imposição de valores, de fora para dentro, obrigando a uma passividade que crianças e jovens não se predispõem a aceitar”.
A importância das regras, ao serem interiorizadas pelo sujeito, faz com que ele as siga e perceba o quanto o seu envolvimento é importante. Vindo de fora para dentro só cria pessoas que não as seguirão.
Ao fazer escolhas, a compreensão das regras é fundamental, pois caso não concordemos, estaremos cientes que não estamos fazendo a escolha certa. Ao nos adaptarmos às normas é sinal que concordamos e por isso iremos segui-las.
Podemos, então, entender que ser disciplinado significa que concordamos e por isso conseguimos seguir as regras sem problema.
A situação complicada surge quando não concordamos e estas normas são generalizadas e servem para todos. Isto ocorre, por exemplo, dentro da sociedade onde são para todos. Desta forma, temos que compreender que a obediência deve ocorrer para que não vire um caos, mas também perceber nosso papel nesta sociedade a ponto de podermos nos colocar e emitir nossas opiniões.
Trabalhar as normas desde que somos pequenos facilita o seu entendimento e o porquê ela existe.
O que é a disciplina?
A revista Nova Escola, de julho de 2005, apresentou uma entrevista com o professor Lino de Macedo, sobre “disciplina”. Lá ele fala sobre a origem da palavra:
“Em sua origem, a palavra disciplina tem a ver com discípulo. Discípulo é uma pessoa que tem alguém como modelo e se entrega pelo valor que atribui a essa pessoa. Com o tempo, perdeu-se o elemento de referência que havia antigamente. Isso tem de ser novamente conquistado, pouco a pouco, pelos dois lados.”
Desta forma, vale pensar qual é o nosso exemplo. De que maneira nós levamos nosso dia a dia, com ou sem disciplina? Todos os dias, seguimos as mesmas regras? Se somos capazes de mudá-las de acordo com nossas conveniências, vale a pena prepararmos as crianças para esta mobilidade também.
Nesta entrevista é perguntado o seguinte para ele:
“Qual o principal erro da escola em relação à disciplina?” E ele responde: “É pensar que existe um único tipo de disciplina e que ela só pode ser imposta.”
Devemos tomar cuidado com as regras rígidas. Será que nós suportamos estas regras? Então, imaginem uma criança, ou pior, um adolescente.
As questões de disciplina variam: entre famílias; profissões; trabalhos; pessoas etc. Por isso, não podemos responder o que é disciplina. Talvez o que queiramos é:
  • Pessoas responsáveis (cumpridoras de seus deveres e dos horários)
  • Pessoas críticas que saibam colocar seus pensamentos
  • Pessoas que saibam respeitar os outros.
O que fazer?
Tânia Zagury (2000) coloca que: “Ao longo dos anos, se os acostumarmos a serem “comprados”, “subornados” ou “chantageados” eles aprenderão a agir desta forma calculista; se, ao contrário, lhes dermos nosso carinho e aprovação, eles terão o seu ego fortalecido, sua auto-estima elevada e, a cada dia, sentirão mais prazer em agir de forma adequada.”
Deve ficar claro o que estão ganhando e perdendo, na vida, caso façam ou não façam suas tarefas.
Não devemos tirar o futebol, televisão, computador etc, como primeiro recuso, caso não cumpram; ou o contrário, caso cumpram, ganharão. Isto é tratá-los como animais domesticados. “Ganha um biscoitinho se pular direitinho pelo arco”.
Claro que valorizar os atos que foram corretos é essencial. Isto envolve elogios, palmas e “festa”. Nunca se pode gerar uma expectativa de que haverá um ganho material por um comportamento de “obediência”.
Por que não criar, juntos, as regras que mostrem as coisas mais importantes a serem seguidas? Juntos, eles também criarão comprometimento com o que é estabelecido. Eles devem entender que irão estudar, irão à escola e farão suas atividades caseiras e que isto tem importância. Só que isto pode ser harmonizado, permitindo que eles organizem também os seus horários.
Afinal, se a preocupação é justamente que eles possam estar inseridos em uma sociedade, como podemos transformá-los em pessoas que aguardam algo por suas atitudes e não pessoas que agem de forma consciente e crítica.
Conclusão
Não é receita de bolo o que devemos fazer para buscar a disciplina, mas podemos enumerar algumas coisas num pequeno resumo daquilo que apareceu como o mais importante de tudo e foi citado:
  • Conheça seu filho/aluno.
  • Perceba que ele pode ser diferente de você.
  • Converse com ele, não dê apenas “broncas”.
  • Faça com que ele entenda quais são os direitos e os deveres.
  • Permita que ele participe ativamente do processo de organização do seu dia e semana.
  • Dê exemplo através de seu comportamento.
  • Crie você a disciplina com relação ao seu filho. Ele deve perceber que você está dando importância a ele e que também existirão cobranças.
  • Cumpra o que fala. A criança precisa perceber que, se falam algo, que deve ser feito, deve haver cobrança, senão ela relaxa. Um exemplo é o professor que não cobra o trabalho de casa, fazendo com que esta tarefa perca o valor.
  • Pense duas vezes antes de fazer uma ameaça, para quando ela for feita, realmente seja cumprida.
Enfim, perceba-se e veja o que foi fácil e difícil para você. Veja o outro, respeitando-o, desta maneira será fácil o diálogo e também respeitar os direitos das crianças.
Não pense que disciplina e limite devam ser impostos, eles devem ser trabalhados e internalizados. Só assim serão compreendidos e respeitados.
Zagury termina seu livro fazendo um levantamento de “regrinhas” importantes para que haja um bom resultado o desenvolvimento dos limites. Uma das ideias que ela levanta é: “... não espere que seu filho compreenda, aceite e se comporte além do que as necessidades da idade permitem.”
Com esta ideia finalizo, para que possamos pensar no que vamos fazer daqui para frente.
Bibliografia
Referências Bibliográficas:
MACEDO, Lino de. Fala, Mestre!. Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0183/aberto/mt_73655.shtml. Acesso em: 3 de julho de 2005.
RODRIGUES, Zuleide Blanco. Indisciplina, Mal dos Tempos!. Disponível em:
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/indisciplina.htm. Acesso em: 3 de julho de 2005.
ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record, 2000.

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