quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Noções de Inclusão


Há várias maneiras de se compreender o processo de inclusão; uma delas é inserir socialmente um individuo contra o preconceito a sua volta. Seja ele por ser o indivíduo portador de necessidades especiais, obter ideologia religiosa, pertencer a classes sociais, raça ou cultura diferente, etc. Mas para que se possa entender o processo de inclusão deve-se compreender a falta dela.
Atualmente, pode-se observar que o conceito sobre exclusão é muito amplo. Segundo AMARO (2004), "vários fatores pode levar alguém a ser excluído socialmente". Tais como:
Fatores de natureza estrutural: Relacionado ao sistema econômico, desenvolvimento estrutural, ambientes dominantes, paradigmas culturais, etc.
Fatores de âmbito local: condições que interferem no cotidiano do individuo. Como preconceitos culturais e sociais, mercado de trabalho, normas e comportamentos sociais, etc.
Fatores de nível individual e familiar: Refere-se às situações pessoais e familiares, capacidades frustradas ou não valorizadas, situações de desemprego, grau de escolaridade, etc.
Uma das formas de trabalhar esses fatores em sala de aula é por meio do processo teoria-prática.  Paulo Freire relaciona a teoria e a prática de forma indivisível. Para Freire não faz sentido a elaboração de uma teoria sem uma prática condizente com a realidade do aluno, que não esteja relacionada com o meio que o indivíduo está inserido. E é a partir deste processo teoria-prática que será planejado e organizado o processo ensino-aprendizagem, cabendo ao professor transmitir para o aluno uma mensagem por trás de tudo que é trabalhado em sala de aula, seja leituras, viagens, músicas, jogos, etc. Mas que transmita para o aluno algo que o leve a fazer uma relação com suas experiências dentro e fora da escola de uma forma interpessoal e multidimensional. É formar um aluno ativo e participante não apenas nas semanas das provas.
Propõe assim, que "falemos menos e trabalhemos mais", isto é, mais ação e menos teorias, o que na maioria das vezes ficam apenas no papel. Como por exemplo, alguns temas transversais do decálogo da educação em valores da LDB. Que seriam: Capacidade de convivência; Igualdade de direitos; Justiça; Respeito mútuo.
Os temas citados são basicamente obrigatórios, mas praticamente não são cumpridos por todos, na maiorias das vezes por causa da falta do diálogo.
Pode-se dizer que o diálogo é a palavra fundamental em toda e qualquer relação social. É uma forma de estar no mundo, convivendo com as outras pessoas e aprendendo sempre. Pois é por causa desta interação com as outras pessoas que somos seres sociáveis.
E, para que este diálogo seja posto em prática na sala de aula, a escola tem que fazer uma leitura social através de cada geração, cada século, de cada cultura para poder adaptar a escola ao aluno de acordo com seu ambiente fora da mesma.
Se o professor for parar para observar o motivo de muitos alunos tomarem determinadas atitudes dentro da sala de aula, ele irá ter a noção de que os alunos com problemas interpessoais não estão apenas nos livros dos professores ou nos noticiários, e sim que estes problemas e dificuldades estão bem vivos dentro e fora da escola. Sendo transmitido em seus alunos. Com isso, o professor irá perceber que cada aluno tem uma história de vida diferente, que cada um traz para a escola um pouco do que vivencia, e que não são uma ?tábua rasa? esperando apenas que o professor com sua educação bancária, deposite neles os conteúdos e espere o dia da prova para "sacar" exatamente a quantidade que foi depositada.
Outra forma  que  também  pode  levar  à  exclusão é a educação da opressão. De acordo com Paulo Freire (1996), "Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, a sua supressão do processo de construção da boa disciplina." Ou seja, faz do aluno um oprimido que acha que tudo dito pelo seu opressor (professor) seja de certeza plena.

Aos referentes lidos, pode ser afirmado que nenhum conhecimento é finito, isto é, o conhecimento não acaba quando o professor cala. O aluno não deve estar satisfeito apenas com o que lhe é dito pelo professor.  Deve ter a paciência impaciente de sempre ir em busca de um algo mais, algo além do que lhe é transmitido.
Com isso, o professor também deve ter a consciência de que o conhecimento é inacabado. De que o que seu aluno aprende não apenas o que ele ensina; e que tudo o que o aluno ? excluído ou não ? de hoje aprende, vai refletir na sociedade do amanhã. Sociedade essa em que todos vão fazer parte, e também as futuras gerações dos próprios professores.
E para que seu aluno não se depare sendo mais um excluído entre tantos na sociedade, professor deve despertar no aluno uma autonomia. Dar ao mesmo o direito da decisão. E, a partir daí, mostrar-lhe que ele será o responsável pelos seus erros e atitudes diante do contexto cultural em que o mesmo está inserido. Assumindo o compromisso da liberdade. Tomando suas próprias decisões com um olhar critico perante a sociedade em que vive.
Pode-se dizer que o paradigma da inclusão é, justamente, tornar a sociedade um ambiente agradável para convivência entre as pessoas com todos os tipos de inteligências e capacidades na luta pela realização de seus direitos.
Para que o professor reconheça qual sua meta verdadeira com relação à educação de seus alunos é necessário que este se sinta realmente respeitado e valorizado perante todos da sociedade em que vive. Pois se qualquer pessoa que seja for desrespeitada por alguém, logo, a mesma irá inconscientemente ou não transmitir essa indignação pra todos à sua volta. Justamente  como afirma Paulo Freire (1996), "o respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou publica da educação."
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. SP, Brasiliense, Coleção Primeiros Passos N° 20, 33ª edição, 1981
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. SP, Paz e Terra, Coleção Leitura, 35ª edição, 1996
LIMA, Simone Valéria R. Historia da Educação ajudando na pratica: Uma vivencia em sala de aula. Recife, Bagaço, 1ª edição, 2005
GODOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. Mestres da Educação. Scipione, SP
CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didática. Petrópolis. Vozes, 2003

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