sexta-feira, 14 de outubro de 2011

INDICADORES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Dulce Consuelo R. Soares

O professor necessita ser um Construtor de Vínculos Positivos, o que já nos dá um olhar diferente para a nossa prática.
Uma atuação psicopedagógica não se constrói da noite para o dia. É um processo de reorganização e reelaboração do docente, um exercício constante e infinito.
O professor necessita ser um Construtor de Vínculos Positivos, o que já nos dá um olhar diferente para a nossa prática. A partir de vínculos construídos, podemos perceber, através das sinalizações dos alunos, como o fenômeno da comunicação está acontecendo em nossa sala de aula. Então os vínculos serão nossos indicadores, “nossos pontos chaves” para desenvolvermos uma atuação psicopedagógica.
Pichon Rivière ( 1995) através da sua Teoria do Vínculo dá uma contribuição notável para a educação: permite analisar a relação professor x aluno em três dimensões: mente, corpo e mundo exterior que se integram dialeticamente, levando em consideração a dimensão mais importante: a humana, portanto, estudar este ser humano na sua totalidade, configurando uma gestalt própria para cada sujeito.
Através da Teoria do Vínculo de Pichon Rivière (1995), podemos perceber a complexidade de ações e reações que podem acontecer numa sala de aula. Se o professor não tiver conhecimento, para saber lidar com tais situações, poderá contribuir, sem desejar, para a construção de vínculos negativos com ele, com a matéria etc.
A Teoria dos 3Ds é outro indicador para a construção de uma atuação psicopedagógica, estar aberto para receber os depósitos de seus alunos, diminui a ansiedade excessiva, tanto do grupo como a do professor.
Outro referencial fundamental para servir como indicador é o Movimento Cognitivo- Afetivo- Social do Ser / Sujeito: Um Paradigma transdiciplinar para a Educação desenvolvido por Aglael Luz Borges.
Mas o que significa o termo indicadores?
No dicionário Aurélio encontra-se a seguinte definição: “É tudo que indica”. A partir desta definição apresento a minha própria, como vejo estes Indicadores; “são as mobilizações e transformações do sujeito que está envolvido com o processo de desenvolvimento x aprendizado.”
Um indicador básico que permeia todos os outros é a observação. Olhar, ver, ouvir e escutar somado com pensar sem julgar, sentir para agir configuram uma atuação suficientemente boa do professor que almeja construir uma prática psicopedagógica preventiva.
Mas, vamos voltar ao termo pensar sem julgar, o que queremos dizer com isso?
Quando estamos olhando, vendo, escutando, ouvindo uma criança conseguimos perceber como este ser está pensando, e às vezes podemos nos deparar com uma situação não própria do tipo: estar co 12 anos de idade e atuar mentalmente com 8 anos. O que fazer? Julgar? Cobrar da criança uma conduta adequada? Ou seria melhor colar um rótulo nele?
Borges (1994) assinala que o grande salto para um trabalho efetivo é o professor descentrar, ou seja, sair de si mesmo para entender a lógica do outro e, a partir disso, reconstruir a história do sujeito, respeitando a sua singularidade; é perceber em que movimento este ser está:(indiferenciado – diferenciado- separado- integrado) frente ao conhecimento para o início do resgate. A parceria ideal seria pensar para cooperar.
E as teorias? Seriam bons indicadores?
O construtivismo interacionista é um excelente indicador, pois esta abordagem, apesar de ser trabalhosa para o professor ( requer muito estudo), é muito saudável para as crianças porque respeita seu funcionamento mental, sua lógica operatória e permite a construção de novas aprendizagens através do lúdico configurando um espaço de prazer na busca do conhecimento.
Na história de minha autoria : A Caixinha de Insetos de Pedro teremos a oportunidade de pontuar os indicadores que permearam toda a ação educativa do professor.
Eis a síntese da história:
Temos uma professora que solicita aos alunos que tragam para a escola algo que gostem. Nesse momento, o indicador é a observação. Ela quer observar o que as crianças trarão para, posteriormente, construir sua ação docente, abrindo um espaço de respeito e criação para com as crianças. O segundo indicador foram os princípios ligados ao ato de aprender: (Atividade- Criatividade- Autoridade- liberdade) que devido ao convite feito pela professora pôde transitar e espiralar nas crianças. Outro indicador foi a escuta psicopedagógica da professora, quando percebeu o interesse da turma pela biologia, propondo então uma pesquisa e proporcionando novas mobilizações, frente ao conhecimento pelas crianças. Estes indicadores forma presentes e fundamentais no desenrolar da aula, na construção de vínculos positivos com o conhecimento e na relação vincular com a professora.
Assim, a observação, os vínculos, os princípios do ato de aprender, a lógica operatória dos alunos, os movimentos frente ao novo, as teoria que fundamentam a nossa prática, a escuta psicopedagógica, nossos objetivos educacionais enquanto ensinantes, os níveis de aprendizagem: ( organismo- corpo- inteligência- desejo) que as crianças puderam mobilizar nas atividades propostas, a avaliação com enfoque processual e a auto avaliação constante do professor, se constituíram em exemplos de indicadores retirados da história, que funcionaram na prática psicopedagógica do professor.
Esta aula ficou rica de oportunidades tanto para as crianças como para o professor, reforçando a auto-estima quer do aluno, como do professor, ao participarem da construção do conhecimento sobre biologia.
Bibliografia
Pichon Rivière, Enrique. Teoria do Vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Soares, Dulce Consuelo. A Minha Trajetória Psicopedagógica. Curso de Psicopedagogia Institucional. Rio de Janeiro: UNESA, 1995 ( MIMEO).
Piaget, Jean. A Construção do Real. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1975.
Borges, A.. L. “O Movimento Cognitivo – Afetivo – Social na Construção do Ser”. In Sargo, Claudette. A Práxis Psicopedagógica Brasileira. São Paulo: ABPp, 1994.
Alves, Ziraldo. Uma Professora Muito Maluquinha. São Paulo: Melhoramentos, 1995.

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