sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A EXPRESSÃO CORPORAL COMO INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO: UMA PROPOSTA PSICOPEDAGÓGICA

"O organismo se domestica, se acostuma, se medica. O corpo ensaia, se equivoca, se corrige, aprende"(SARA PAÍN).

Estudos mostram que a Educação é um dos melhores caminhos para que o Brasil chegue ao século XXI sendo considerado um país desenvolvido. Por isso, as escolas vêm se esforçando para melhorar o padrão educacional oferecido, propondo situações de aprendizado em que o aluno seja visto com um ser integral - desenvolvendo as altas habilidades - e agente construtor do seu próprio saber. Ao educador cabe adotar uma nova postura pedagógica para agilizar essa construção, incentivando e completando o desenvolvimento da criança e não apenas servindo como transmissor dos conhecimentos.

Nessa mudança pedagógica, a realidade, a postura do educador, a metodologia que valoriza o ser-fazer-sentir e a contextualização (dentre outros fatores que interferem no processo ensino-aprendizagem), devem servir como instrumentos para a formação integral de cidadãos conscientes e engajados com a nossa sociedade.

E é no desdobramento desta nova condição de educador, que o estudo psicopedagógico adquire um novo recorte, ampliando sua função, que não mais finaliza no aluno. De objetivo, o aluno passa a ser um meio. De problema, ele se transforma em uma oportunidade. Oportunidade de aprendizagem para o educador. Refletindo acerca dos resultados, em uma ação conjunta com o psicopedagogo, o educador se sente desafiado a repensar a prática pedagógica, inscrevendo a possibilidade de novos procedimentos.

Segundo Gardner, autor de vários trabalhos na área (devido à sua teoria acerca das inteligências múltiplas) a mesma é considerada como um conjunto de sete habilidades que permitem ao aluno resolver problemas que fazem parte do seu cotidiano.

A partir de uma visão psicopedagógica preventiva (o psicopedagogo desempenhará uma prática docente envolvendo a preparação de educadores e voltada para o processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno), abordaremos, neste trabalho, a inteligência corporal sinestésica relacionada, segundo a Teoria de Gardner, a utilização do corpo e da expressão no processo ensino-aprendizagem, com vistas à superação de determinados problemas do ambiente cultural. Propugna-se com isso, introduzir, no currículo escolar, a Expressão Corporal como instrumento para a prática em que o aluno compreenda a estrutura e o funcionamento do seu corpo a fim de usá-lo com expressividade, autonomia, inteligência e sensibilidade além de orientar o educador a elaborar métodos que desenvolvam, também, no aluno, as capacidades físicas, afetivas, cognitivas, éticas, estéticas, de interação social, cuidando do corpo e valorizando hábitos saudáveis. Agindo para a formação da cidadania.


2. O CORPO: MATRIZ DO APRENDIZADO


O ser humano está em constante movimento corporal (pula, corre, sobe, gira, etc.) e se utiliza deste para buscar o conhecimento do seu próprio corpo e do outro, suprir a necessidade de experimentá-lo, não só para seu domínio mas na construção da sua autonomia, responsabilidade e sensibilidade. Estes fatores estão inteiramente atrelados às dinâmicas da vida social.

Com isso, podemos afirmar que o corpo está todo o tempo presente no aprendizado, e a Escola, neste sentido, serve de espaço para trabalhar conceitos de lateralidade onde o aluno construirá sua imagem corporal e obterá o conhecimento do seu corpo de maneira expressiva, bem como, desenvolverá sua capacidade de comunicação, criatividade e interação.

O conhecimento do corpo e de seu funcionamento, automaticamente, propiciará uma maior conscientização da importância da saúde e da necessidade de ações não só curativas, mas também preventivas. 

Desta forma, o aprendizado será prazeroso porque englobará também, o lúdico, resgatando e ressignificando o vínculo aluno-escola-conhecimento. 

Baseado nesta análise pode-se reafirmar a importância de um currículo escolar amplo, de acordo com as exigências da sociedade moderna, ou seja, um currículo interdisciplinar que proporcione o desenvolvimento das altas habilidades (lógico-matemática, lingüística, espacial, musical, corporal-cinestésica, intrapessoal e interpessoal), considerando os conhecimentos e valores culturais já apreendidos e a construção da autonomia, cooperação, criticidade, responsabilidade e compromisso para a formação da cidadania.

Tal visão está de acordo com a Teoria de Gardner, que estuda a relação entre o desenvolvimento da inteligência, os sentimentos e o desempenho corporal. Neste currículo deverá constar a Expressão Corporal como um tema transversal.


3. A EXPRESSÃO CORPORAL: UM NOVO RECORTE NO COTIDIANO ESCOLAR

A Expressão Corporal na Escola desenvolve, na criança, a compreensão do movimento e de como seu corpo funciona. Estes conhecimentos devem estar articulados com a percepção do espaço, de tempo e de peso. É uma forma de integração e expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. É também uma fonte de comunicação que contribui para o desenvolvimento da criança no que se refere à consciência individual e social. 

É com base nessa perspectiva que planejamos, junto ao educador, atividades que deram oportunidade à criança de experimentar a plasticidade de seu corpo, de exercitar suas potencialidades motoras ao se relacionar com o grupo. Considerando, evidentemente, o desenvolvimento motor da criança, suas ações físicas e habilidades naturais.


4. CONCLUSÃO


A Expressão Corporal tem lugar importante no currículo escolar, pois permite que as crianças se expressem criativamente de muitas formas e que confiram sentido ao mundo de maneira diversa da linguagem. Para que as crianças se desenvolvam criativamente nestas áreas, elas devem desenvolver o autocontrole e a compreensão do que cada meio pode proporcionar. Portanto, os educadores deverão atuar ativamente de maneira a ajudá-las a desenvolver suas altas habilidades, autonomia, sociabilidade, dentre outros fatores necessários à formação de um cidadão completo.


Sugerimos que o educador, ao planejar suas aulas, deva ter clara a necessidade de estimular o aluno a capacitar o corpo para o movimento, dar sentido e organização às potencialidades, incentivá-lo a reconhecer ritmos corporais e externos, explorar seu espaço e sua criatividade. É preciso estabelecer regras de uso do espaço e de relacionamento entre os alunos (ou seja, favorecer a inteligência intrapessoal e interpessoal) a fim de que o aluno crie confiança para explorar movimentos, estimular a imaginação e a coordenação de suas ações com a dos outros. Estes são elementos básicos para introduzir o aluno na dinâmica da Expressão Corporal.

O educador criativo não pode perder a oportunidade de valorizar e buscar, na riqueza cultural brasileira, manifestações populares surgidas durante os 500 anos de história de nosso país. Jogos populares como cirandas, amarelinhas e muitos outros se constituem em importantes fontes do aprendizado.


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PILLAR, Analice Dutra Fazendo Artes na Alfabetização: artes plásticas e alfabetização. Porto Alegre: 

2 comentários:

  1. Boa tarde,
    Gostaria que você citasse meu nome e da minha colega, pois fomos nós que escrevemos este artigo. Bianca Nascimento de Souza e Adriana Schmidt Bolda. Obrigada

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